Funcionários da JBS pedem apoio aos deputados para manter empregos
Trabalhadores do Grupo JBS lotaram o plenário Deputado Júlio Maia durante a sessão plenária desta terça-feira (17/10) e pediram apoio aos deputados estaduais para garantir a manutenção dos empregos em Mato Grosso do Sul. Embora estejam com os salários em dia e não haja sinalização de cortes por parte da empresa, eles temem demissões em massa devido ao bloqueio judicial de R$ 730 milhões, em recursos e bens do grupo, obtido por meio de ação ingressada pela Comissão Permanente de Inquérito (CPI) das Irregularidades Fiscais e Tributárias do Estado de Mato Grosso do Sul, da Assembleia Legislativa.
Dirigentes de entidades que representam os funcionários demonstraram preocupação. "O bloqueio das contas da empresa pode repercutir e inviabilizar todo o processamento da carne e colocar em risco os postos de trabalho. São pelo menos dois mil trabalhadores em Mato Grosso do Sul e 130 mil em todo o Brasil e temos que lembrar que para cada funcionário diretamente ligado à empresa há outros seis impactados na cadeia produtiva", explicou o secretário-geral da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT (Contac), José Modelski Júnior.
"Os acordos de leniência firmados com o Ministério Público Federal [MPF] têm 49 cláusulas, mas nenhuma delas contempla alguma garantia para a manutenção dos postos de trabalho e isso nos preocupa muito", afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Campo Grande, Vilson Gimenez Gregório. O secretário de Saúde da Contac, Célio Elias, informou que o impacto do fechamento de unidades da empresa deixou em alerta os funcionários em todo o país. "Para vocês terem uma ideia, uma indústria foi fechada dia 31 de outubro e representou o fim de 1,2 mil postos de trabalho diretos e R$ 500 milhões a menos no orçamento de 15 cidades na região de Criciúma [PR]".
Na tribuna da Casa de Leis, o presidente da CPI, Paulo Corrêa (PR), ressaltou que o grupo de trabalho identificou irregularidades nos termos de acordo firmados pela empresa com o Governo do Estado e cabia à comissão acionar a Justiça para garantir o ressarcimento aos cofres de Mato Grosso do Sul. "Do total, 93% das notas eram frias e a própria empresa confessou que não cumpriu aquilo que estava acordado com o Estado. Então, a CPI tinha que tomar providências, porque não podemos saber de algo e não fazer nada. Isso seria crime de prevarização", disse.
Membro da CPI, Pedro Kemp (PT) lembrou que cabe ao Grupo JBS apresentar alguma proposta de ressarcimento ao Estado, para que o bloqueio possa ser revisto. "A CPI apurou irregularidades e não podia deixar de agir [ingressar com a ação], mas agora temos que incluir a pauta dos trabalhadores na negociação. Ainda assim, não podemos ser ingênuos. Sabemos que a empresa tem interesse nessa mobilização dos trabalhadores", reiterou.
Outros parlamentares também manifestaram apoio aos trabalhadores. "O bloqueio judicial deve ser feito, mas é preciso garantir os empregos e a Assembleia Legislativa não será omissa", afirmou Maurício Picarelli (PSDB). "Agora é o momento do bom senso e do equilíbrio para que possamos encaminhar a melhor solução", disse Felipe Orro (PSDB). Para Onevan de Matos (PSDB), também é necessário assegurar que a empresa faça o ressarcimento dos recursos devidos ao Estado. "A reivindicação dos trabalhadores é justa, mas não resolve somente o desbloqueio dos recursos. Na verdade, deve-se manter o bloqueio, mas assegurar que os salários continuem sendo pagos em dia", defendeu.
"Uma coisa é certa. Temos que manter, proteger e salvar os postos de trabalho", afirmou Cabo Almi (PT). "Vocês têm o nosso respaldo e a garantia de que faremos todo o possível para garantir os empregos", enfatizou Antonieta Amorim (PMDB). "O bloqueio foi necessário, mas quem sabe o que é bom para vocês são vocês e faremos todo o possível para ajudar", disse Dr. Paulo Siufi (PMDB), membro da CPI, aos funcionários do Grupo JBS. Lidio Lopes (PEN) destacou que o fechamento de unidades da empresa afeta diretamente a economia dos municípios, trazendo prejuízos. "A interrupção das atividades pode arrebentar muitas cidades, mas vale lembrar que o que foi bloqueado representa uma 'mixaria' diante do patrimônio da empresa, então não deve prejudicar o pagamento aos funcionários", analisou.
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