Ler é Viver destaca a importância do protagonismo feminino na literatura

Imagem: "Leia Mulheres Campo Grande", criado em 2018, é fruto do projeto "Leia Mulheres no Brasil"
"Leia Mulheres Campo Grande", criado em 2018, é fruto do projeto "Leia Mulheres no Brasil"
17/11/2020 - 14:00 Por: João Grilo   Foto: TV ALEMS

Assim como em todas as áreas, na literatura a participação da mulher é primordial, tanto para ajudar a desmistificar os mitos do feminismo, quanto para o entendimento da identidade feminina. Nessa perspectiva, o programa Ler é Viver que entra na grade de programação da TV ALEMS nesta sexta-feira (20), às 18h, destaca o protagonismo feminino literário com a jornalista Evelise Couto, coordenadora do grupo ‘Leia Mulheres Campo Grande/MS’, e com a psicóloga Gabriela Molento, facilitadora da roda de estudos ‘Mulheres que correm com os lobos’, que em seus encontros debate a obra ‘Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem’, escrita pela psicóloga estadunidense Clarissa Pinkola Estés. 

Com reuniões mensais, o grupo ‘Leia Mulheres Campo Grande’, criado em 2018, é fruto do projeto ‘Leia Mulheres no Brasil’, com o objetivo de debater obras escritas por mulheres. Conforme Evelise, já foram lidos e analisados livros, como ‘A Hora da Estrela’, de Clarice Lispector; ‘Olhos D’Água’, escrito por Conceição Evaristo; ‘Quarto de Despejo’, de autoria de Carolina Maria de Jesus, ‘Estranhas Delicadezas’, da escritora Tania Souza, entre outros. 

Segundo a jornalista, participantes do grupo ‘Leia Mulheres Campo Grande’ estão se encontrando de forma remota devido ao coronavírus, mas antes os encontros eram presenciais. “Apesar de ser um grupo que debate livros escritos por mulheres, é aberto à participação masculina também”, frisa Evelise. 

Em sua participação no programa, Evelise ainda fala a respeito da desconstrução de pensamentos patriarcais e machistas que esse tipo de literatura propicia, até mesmo para o real entendimento do feminismo. Ela indica duas obras importantíssimas nesse contexto: ‘As coisas que perdemos no fogo’, de autoria da escritora e jornalista argentina Mariana Enríquez, e ‘Persópolis’, escrito pela romancista franco-iraniana Marjane Satrapi. 

Macabro, perturbador e emocionante, ‘As coisas que perdemos no fogo’ reúne contos que usam o medo e o terror para explorar várias dimensões da vida contemporânea. Em um primeiro olhar, as 12 narrativas do livro parecem surreais, no entanto, depois de poucas frases, elas se mostram estranhamente familiares: é o cotidiano transformado em pesadelo. 

Já em ‘Persépolis’, Enríquez retrata sua infância até os primeiros anos de vida adulta no Irã, durante e após a Revolução Islâmica, chamando a atenção dos leitores para a “precariedade da sobrevivência” em situações políticas e sociais. O mais interessante é que o enredo é contado em quadrinhos. 

Modelo Feminino

O despertar da consciência para entender sua real identidade feminina foi amplamente provocado em Gabriela Molento, após ter lido o livro ‘Mulheres que correm os lobos’, lançado em 1992 por Clarissa Pinkola Estés e que a tornou conhecida mundialmente. Através da interpretação de 19 lendas e histórias antigas, entre elas as de Barba-Azul, Patinho Feio, Sapatinhos Vermelhos e La Llorona, a autora procura identificar o arquétipo da mulher selvagem ou a essência da alma feminina, sua psique instintiva mais profunda, propondo o resgate desse passado longínquo, como forma de atingir a verdadeira libertação.

Com base na obra, Gabriela criou a roda de estudos que leva o mesmo nome do livro, no sentido de debater e provocar as participantes se conectarem com seu feminino. Os encontros que costumavam ser presenciais, agora estão suspensos temporariamente em decorrência do coronavírus.   

Em meio à pandemia, Gabriela foi convidada recentemente para facilitar novo grupo em parceria com a arterapeuta Mirella Rolim, de São Paulo, em formato remoto, com a participação de 18 mulheres de várias partes do Brasil. Mudanças na forma de interação e percepção de umas às outras se tornam visíveis, segundo a psicóloga. 

O Ler é Viver pode ser conferido na programação da TV ALEMS, no canal 9 da Claro Net TV, às sextas-feiras, às 18h; domingos, às 12h; e segundas-feiras, às 8h. A TV Assembleia de Mato Grosso do Sul pode também ser assistida no YouTube ou no site oficial da Casa de Leis.

 

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