Ler é Viver destaca magia das HQs e sua importância para a educação

Imagem: Nataniel Gomes é um dos entrevistados da edição
Nataniel Gomes é um dos entrevistados da edição
02/07/2021 - 10:51 Por: João Grilo   Foto: TV ALEMS

As histórias em quadrinhos são um dos gêneros literários mais lidos em todo o mundo, passando por diversas adaptações para o cinema. Geralmente publicadas em formatos de revistas, livros ou em tiras em revistas e jornais, as HQs, também conhecidas como bandas desenhadas, são chamadas de nona arte. No Ler é Viver deste mês, que entra na grade da TV ALEMS a partir desta segunda-feira (5), você vai conhecer mais sobre elas e sua importância para a educação, com as participações do professor Nataniel Gomes, coordenador do Nupeq (Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos) da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), e com o escritor e artista visual paulista Fabio Quill, autor de HQs com diversas temáticas, sendo ‘A Casa Baís’ a mais recente, baseada na vida e obra da artista plástica campo-grandense Lídia Baís, falecida há 35 anos. 

Durante muito tempo as histórias em quadrinhos foram consideradas manifestações reduzidas da arte literária, no entanto, a variedade de publicações e a qualidade dos enredos fizeram com que leitores e estudiosos fossem cativados por esse tipo de narrativa gráfica. As primeiras HQs datam do fim do século 19, com denúncias acerca das questões sociais presentes na época, mas a intensificação delas aconteceu no fim do século 20, dedicadas apenas ao humor e à comicidade. Já no final da década de 1930, surgiram as primeiras histórias de aventuras e o primeiro super-herói: Superman. 

Após a Segunda Guerra Mundial, o surgimento de outras personagens foi otimizado, como Capitão América, Mulher Maravilha e Batman, todos transformados em símbolos do nacionalismo norte-americano. No Brasil, as HQs tiveram início no século 19 por meio de Angelo Agostini, que narrava de forma humorística a vida de personagens fluminenses e sua relação com a corte portuguesa no Rio de Janeiro. No início do século 20, Renato de Castro começou a desenhar personagens famosas no exterior, que passaram a ser publicadas no Brasil. 

Em 1960, o cartunista brasileiro Ziraldo, criou a personagem ‘Menino Maluquinho’ e ainda no mesmo ano, Mauricio de Sousa, um dos grandes cartunistas do Brasil, deu vida aos personagens d’A Turma da Mônica. Histórias em quadrinhos, como ‘Daytripper’, concebida pelos gêmeos paulistanos Fábio Moon e Gabriel Bá; ‘Achados e Perdidos’, dos quadrinistas mineiros Eduardo Damasceno e Luis Felipe Garrocho; ‘Turma da Mônica Jovem’, de Mauricio de Sousa; ‘Adormecida: cem anos para sempre’, da gaúcha Paula Mastroberti, e ‘Castanha do Pará’, de Gidalti Jr., vencedora do Prêmio Jabuti na categoria ‘Histórias em Quadrinhos’, são algumas das publicações brasileiras que você já pode começar a ler, que tal?

Nupeq


João Grilo entrevista Natanel Gomes

O cenário das histórias em quadrinhos em Mato Grosso do Sul ganhou espaço significativo com a implantação do Nupeq no âmbito da UEMS, há um ano. O grupo é coordenado também pelo professor Daniel Abrão e seu principal objetivo é promover um mergulho ao variado universo da nona arte. 

Pós-doutor em Língua Portuguesa pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Nataniel Gomes é professor da UEMS nos cursos de graduação em Letras e nos dois programas de mestrado em Letras em Campo Grande. Sua paixão por HQs teve início quando ele era criança e mais ainda, após perceber que elas iam além do entretenimento. 

A partir daí, Natanael passou a pesquisar a relação das HQs com a educação e, entre livros escritos por ele e também em parceria com outros pesquisadores, são 26 publicações que tratam da temática. Um dos destaques é a trilogia que discute os quadrinhos e a ligação com outras áreas, como biologia, religião, cinema: “Quadrinhos e Transdisciplinaridade”, “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades – Refletindo sobre o uso das histórias em quadrinhos em sala de aula”, e “Para o alto e avante! – Textos sobre histórias em quadrinhos para usar em sala de aula”. 

Graffiti e quadrinhos

O artista visual e escritor paulista Fabio Quill começou sua trajetória em 1993 com a segunda geração de grafiteiros paulistanos, passando a experimentar linguagens artísticas, como pintura em tela, objetos, escrita literária e histórias em quadrinhos. Diferentemente das publicações com histórias de super-heróis, suas HQs retratam aspectos mais humanos. Em 2014, escreveu ‘Janela da Alma’, que faz apologia à imaginação por meio de uma personagem cega, além dos zines de contos ‘Tiro na Fuça’ e ‘Fábulas nunca morrem’. 

Com a esposa Rubia Sibele, que é jornalista e escritora, Quill publicou o livro de HQ ‘Nessa arca tem bicho’, com temática infantil, em 2015. Depois veio ‘Onírica’, de 2017, quadrinho bastante interpretado como uma luta mental. ‘Amálgama – Memórias, Processos e Narrativas’, de 2019, é um livro que registra diversas vertentes do trabalho de Fabio, como contos, murais, pinturas, processos criativos e HQs, sendo finalista do Prêmio HQ Mix, um dos mais importantes do quadrinho nacional, em 2020. 

Desde 2017, mora em Campo Grande e aos poucos tem se embebedado da cultura regional, tanto que sua obra mais recente, ‘A Casa Baís’, conta a história da artista plástica Lídia Baís por meio de HQ. Ela nasceu em 1900 em Campo Grande e morou no casarão da avenida Afonso Pena, hoje Morada dos Baís, entre 1918 e 1938. Apesar de ter estudado pintura no Rio de Janeiro nos anos 20 e depois passar um tempo viajando pela Europa onde recebeu influências do expressionismo e surrealismo, seus primeiros quadros foram pintados por volta de 1915. 

Ler é Viver

A literatura é uma arte que enriquece a cultura e transforma vidas, além de levar o leitor a viajar por diversos universos. Valorizar a leitura e divulgar ações que dignificam a arte literária são os principais objetivos do programa Ler é Viver.

O programa pode ser conferido na grade de programação da TV ALEMS geralmente às segundas, às 8h, domingos, às 12h, e sextas, às 18h, mas corre risco de sofrer alterações de horário por conta da grade. A TV Assembleia de Mato Grosso do Sul pode ser assistida no YouTube ou no site www.al.ms.gov.br/tvassembleia.

 

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