Ler é Viver debate livros sobre feminismo escritos por professor e jornalista

Imagem: Fábio do Vale e Jessica Gustafson falam sobre suas publicações ao jornalista João Humberto
Fábio do Vale e Jessica Gustafson falam sobre suas publicações ao jornalista João Humberto
08/09/2021 - 15:22 Por: João Grilo   Foto: Divulgação TV ALEMS

O feminismo é um movimento social que luta pela igualdade de condições entre homens e mulheres, no sentido de que ambos tenham os mesmos direitos e as mesmas oportunidades, sendo motivo de debate do ‘Ler é Viver’ de setembro, que já está na grade de programação da TV ALEMS. Participam do programa o professor, escritor e pesquisador Fábio do Vale, autor do livro ‘A voz e a resistência feminina na obra “Senhorinha Barbosa Lopes” de Samuel Medeiros’, primeira obra sul-mato-grossense a ser indicada para participar da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) na edição deste ano, em novembro, e a jornalista Jessica Gustafson, doutoranda em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), autora do livro ‘Jornalistas e feministas – A construção da perspectiva de gêneros no jornalismo’, fruto de pesquisa de mestrado, quando ela acompanhou o Portal Catarinas, dedicado ao jornalismo especializado em gênero, feminismos e direitos humanos. 

O feminismo é um movimento social que, segundo os historiadores, surgiu após a Revolução Francesa e se fortaleceu na Inglaterra, durante o século 19, e depois nos Estados Unidos, no começo do século 20, com a ideologia de luta pela igualdade de condições entre homens e mulheres, no sentido de que ambos tenham os mesmos direitos e as mesmas oportunidades. A luta do feminismo é contra as manifestações do machismo na sociedade, promovendo construção de um mundo igualitário entre os dois gêneros e por esse motivo, o tema é debatido em muitas publicações, como as de Fábio e Jessica. 


Professor Fábio é autor do livro ‘A voz e a resistência feminina na obra

“Senhorinha Barbosa Lopes” de Samuel Medeiros’

Mestre em Letras pela UEMS e doutorando em Estudos de Linguagues pela UFMS, com foco de pesquisa na crítica biográfica fronteiriça, estudos fronteiriços na América Latina, epistemologias do Sul e descolonialidade, Fábio do Vale, além de professor, é membro pesquisador associado do Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura (Claec) e diretor de cultura da União Brasileira de Escritores, seccional Mato Grosso do Sul (UBE/MS). Em agosto, lançou o livro ‘A voz e a resistência feminina na obra “Senhorinha Barbosa Lopes” de Samuel Medeiros’, publicado pela Oyá Editora. 

O livro analisa a história de Senhorinha Barbosa Lopes, escrita pelo autor sul-mato-grossense Samuel Medeiros, cadeira 26 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL), publicada em 2007 pela Gráfica e Editora Gibim. A protagonista, por ter sido personagem da Guerra do Paraguai, foi presa assim que ficou viúva e diante disso, o exército paraguaio dizia que ela não poderia governar sua fazenda pelo fato de ser mulher a prendeu. Quando sai da prisão no Paraguai, o exército brasileiro outorga a ela o título de Madrinha da Bandeira Nacional. 

“Com a pesquisa, concluí que Senhorinha foi um símbolo de força e resistência e isso é bastante retratado na obra original. O livro representa o potencial do cenário cultural de Mato Grosso do Sul e foi selecionado pela Casa Tyiwaras Tikunas, uma das 30 que apoiam a Flip, como uma das dez obras de maior potencial cultural contemporâneo do país”, explica Fábio. “Minha inspiração para escrever o livro foi Samuel Medeiros e acredito que com ele levo a missão de propagar o conhecimento, potencializando a cultura regional”, arremata. 

Fábio é neto do médico e escritor Hugo Pereira do Vale que, inclusive, já ocupou a cadeira 9 da ASL. Ele também é autor do romance ‘Refém do Abandono’, publicado em 2017 pela Editora Letra Livre, e ‘Candelabro Poético', de 2019, pela Life Editora. 

Jornalistas e feministas

A jornalista Jessica Gustafson, especialista em Gênero e Sexualidade pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestra em Jornalismo pela UFSC, e doutoranda em Jornalismo pela mesma instituição, é autora do livro ‘Jornalistas e feministas – A construção da perspectiva de gêneros no jornalismo’, fruto de pesquisa de mestrado, quando ela acompanhou o Portal Catarinas (https://catarinas.info/), localizado em Florianópolis (SC), cuja linha editorial é pautada no jornalismo especializado em gênero, feminismos e direitos humanos. 


Jessica escreveu ‘Jornalistas e feministas – A construção

da perspectiva de gêneros no jornalismo’

O Portal Catarinas é um veículo de comunicação que visa articular o engajamento feminista na construção de narrativas jornalísticas e entende que unir o ativismo feminista à prática jornalística é uma estratégia potencializadora quando na busca de objetivos transformadores.  Ao perceber as desigualdades de gênero existentes na sociedade, a equipe se posiciona no intuito de superá-las. 

Jessica trabalhou por seis anos como repórter no Jornal do Comércio, em Porto Alegre (RS), e a partir de 2015 passou a atuar na militância feminista, discutindo questões de gênero e sexualidade relacionadas à produção da mídia. Também integrou coletivo que realizou caravana em cidades do Rio Grande do Sul debatendo a questão com os estudantes de jornalismo. 

A partir do contato de Jessica com o movimento feminista, ela se deu conta de que a mídia não reproduz estereótipos e conceitos de gêneros e sexualidade. “Não é por má intenção, mas por falta de conhecimento sobre como tratar essas temáticas”, observa a jornalista. 

Em decorrência do estudo de caso do Portal Catarinas, durante o mestrado, nasceu o livro ‘Jornalistas e feministas – A construção da perspectiva de gêneros no jornalismo’. “A princípio queria entender quais eram as possibilidades da união entre o ativismo e o jornalismo e acabei percebendo que o feminismo impacta realmente as práticas jornalísticas, como a questão da lógica das fontes. Nesse caso específico, as jornalistas ainda prestavam serviços que iam além das matérias. Outra constatação é que existia a tentativa de demarcar um afastamento também com o movimento social, além da subversão das lógicas jornalísticas”, detalha Jessica. 

A reflexão a respeito de um jornalismo feminista apresentada no livro de Jessica Gustafson é um olhar denso e crítico, ao mesmo tempo sensível, com rigor aos conceitos, métodos e técnicas, que busca primeiramente um mergulho histórico dos Estudos de Gênero, contextualizando o surgimento do movimento feminista nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil, situando as diferentes frentes feministas e dando ênfase à perspectiva de crítica à Ciência, tendo o conceito de objetividade corporificada de Donna Haraway um destaque central no trabalho, por estar diretamente relacionado à problematização em torno da objetividade jornalística.

Ler é Viver

A literatura é uma arte que enriquece a cultura e transforma vidas, além de levar o leitor a viajar por diversos universos. Valorizar a leitura e divulgar ações que dignificam a arte literária são os principais objetivos do programa Ler é Viver.

O programa pode ser conferido na grade da TV ALEMS (canal 9 da NET) nas segundas às 8h, sextas às 17h e domingos às 12h, no YouTube Assembleia MS ou no site www.al.ms.gov.br/tvassembleia.

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