Parlamentares repercutem censura ao filme “Como se tornar o pior aluno da escola”

Imagem: Deputados debateram sobre filme brasileiro, suspenso pelo Ministério da Justiça, por fazer suposta apologia à pedofilia
Deputados debateram sobre filme brasileiro, suspenso pelo Ministério da Justiça, por fazer suposta apologia à pedofilia
16/03/2022 - 12:02 Por: Christiane Mesquita   Foto: Luciana Nassar


Kemp justificou seu voto contrário ao requerimento

Assunto de requerimento e indicação apresentado nesta terça-feira (15) pelos deputados Coronel David (sem partido) e João Henrique (PL), o filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, foi repercurtido pelo deputado Pedro Kemp (PT), durante a sessão plenária mista desta quarta-feira (16). “Busquei informações sobre o filme e assunto, e minha opinião é contrária a qualquer tipo de censura no Brasil. Não temos mais censura no Brasil, quando temos um filme violento ou de discriminação quanto à orientação sexual, ou maus-tratos aos idosos, ninguém fala que é uma apologia. Neste caso uma suposta situação de pedofilia foi colocada como apologia”, relatou.

“Os filmes são feitos para retratarem e debaterem temas com a sociedade, e assiste quem quer, e o Ministério da Justiça determinou que o filme não fosse mais exibido nas plataformas de streaming, medida tomada para proteger a criança e ao adolescente, essa decisão fere a Constituição Federal. Não existe mais censura no Brasil, penso que as pessoas que fazem esse debate estão querendo trazer de volta a censura. Por isso eu votei contra o requerimento e a indicação, é inconstitucional”, explicou Pedro Kemp.


"Não podemos atroplar o ordenamento jurídico", disse Paulo Duarte  

O deputado Paulo Duarte (MDB) também acredita que a Casa de Leis tem que observar as Constituições Federal e Estadual. “Temos que observar as constituições e o ordenamento jurídico, essa questão sobre o filme não se trata de ser contra ou a favor de pedofilia. É claro que o ser humano abomina a pedofilia, o que está sendo discutido aqui é exatamente isso, existe uma norma no País, em que a censura é proibida, o que está acontecendo mesmo é por meio de um discurso moralista atropelar o ordenamento jurídico. Não é proibindo, tentando restabelecer mesmo que parcialmente a censura, que vamos resolver esse problema”, destacou.

O deputado Capitão Contar (PSL) declarou que o filme merece moção de repúdio. “Existe um abismo muito grande entre liberdade e libertinagem, a forma como está sendo exposto nesse filme merece um repúdio mundial, não tem nada a ver com censura, nem com regime militar. É fazendo críticas e debates que chegaremos a algum lugar”, disse.


Lidio Lopes é presidente da Unale e integra a Fenacria

Para o deputado Lidio Lopes (PATRI), presidente da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), o título do filme já é discriminatório. “Defendemos um ensino de qualidade e alunos de referência, já acho então uma ato discriminatório o próprio título. Por meio da Fenacria [Frente Parlamentar Interestadual de Mobilização Nacional Pró-Criança e Adolescente], na Unale, defendemos as crianças e adolescentes. Não podemos nos calar de um fato como esse, pois isso com certeza estimula muito a pedofilia. Brigamos para que não haja desconstrução de valores e família, a Netflix é um sistema aberto, que por vezes pode ser acessado a qualquer momento, assinarei o requerimento e a indicação”, informou.

O deputado Professor Rinaldo (PSDB) acredita que a criança deve ser protegida. “As crianças não têm formação psíquica definida, não se trata de censura, nós temos que eliminar qualquer imagem que faça apologia à pedofilia. Percorri o País e vi atrocidades, e a sequela que fica na mente dessas crianças é eterna, porque o crime geralmente acontece por quem deveria protegê-las”, ressaltou.

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