Rota Bioceânica: Especialistas debatem transporte ferroviário entre os países

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Painel II mostrou as vantagens e desafios da integração de ferrovias da Rota Bioceânica
26/05/2022 - 17:20 Por: Evellyn Abelha   Foto: Wagner Guimarães

A discussão da temática “Transporte Ferroviário e Serviços Logísticos Local” foi um dos destaques das atividades vespertinas do 1º Fórum “A Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico”. O evento acontece desde a manhã desta quinta-feira (26) e segue com programação até sexta-feira (27)

O Painel II foi moderado pelo assessor de logística da Secretaria de Estado da Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Agricultura Familiar (Semagro), Lúcio Lagemann. “É importante a gente discutir o setor ferroviário de Mato Grosso do Sul, um estado que está passando por uma grande mudança. Nós temos a reativação da retomada da Malha Oeste, que é uma ferrovia que vai de Corumbá a Ponta Porã e Campo Grande a Três Lagoas. É uma ferrovia importante que neste momento está em processo de nova licitação”, explicou.

Lagemann destacou o objetivo do painel. “Queremos abordar a integração do modal sul-mato-grossense com os outros países, fazendo aquele grande projeto da Ferrovia Transamericana, saindo de São Paulo, chegando até os portos do Chile, levando nossa produção de Mato Grosso do Sul para o mundo”, destacou.

Ainda segundo o assessor, a ferrovia trará impacto econômico para os municípios de Mato Grosso do Sul. “A ferrovia traz melhoramentos de logística e, consequentemente, a redução do custo da produção e da alimentação. O melhor benefício para a população, de maneira direta, é a redução do custo de vida que a ferrovia proporciona através da competitividade logística e, logicamente, a importação e a exportação de produtos”, disse.

Além disso, ele detalhou que Mato Grosso do Sul terá uma diversidade de produtos vindos de outros países e uma facilidade de escoar a produção local. “Os municípios que serão contemplados com as ferrovias terão muitos outros negócios agregados como a prestação de serviços, os pontos de transbordo, uma série de serviços que são importantes para aumentar a geração de emprego e renda diretamente”, enfatizou.

O potencial de carga e as condições da Malha Oeste foram apresentados pelo consultor Bento Lima. “A Malha Oeste transportou mais de três milhões de toneladas, com um traçado de alta qualidade e trens de carga de maior velocidade no Brasil”, disse. O consultor falou ainda do potencial de cargas gerado pelo aumento da produção agroindustrial de Mato Grosso do Sul. 

Empresas ferroviárias 

Durante o Painel II, representantes de empresas de transporte ferroviário envolvidas com a Rota Bioceânica falaram sobre as capacidades operacionais e os desafios para a integração por via férrea dos países.

“Compartilhamos com o Brasil o sonho de gerar um processo de integração. Nos unimos por uma vasta fronteira e uma linha ferroviária por Corumbá. Para nós é de vital importância seguir aprofundado os aspectos da logística integral internacional”, disse o gerente de relações institucionais da Ferroviária Oriental (Bolívia), Angel Sandoval. Conforme o gerente, a empresa possui uma concessão de 1.244 quilômetro, fazendo a conexão do Brasil com a Argentina, transportando, principalmente, soja e seus derivados.

Representando a empresa Belgrano Cargas Norte Serviços Ferroviários, o gerente de planejamento e relações institucionais de Trenes Argentinos Cargas, Julián La Rocca, destacou a magnitude do projeto ferroviário da Rota Bioceânica. “Esse setor é, obviamente, o mais complexo do corredor bioceânico”, afirmou. La Rocca explicou que a empresa argentina possui 9.100 quilômetros operativos e carrega , principalmente, produtos agrícolas.

O consultor Odilon Trindade Valençoela destacou que o Brasil é um dos principais exportadores do mercado mundial e que os principais parceiros comerciais estão no mercado asiático, sendo fundamental a ligação férrea. “Pelos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, são 12 a 15 dias a menos de transporte marítimo. Portanto, a ferrovia é o caminho mais viável e econômico para esse transporte de carga. Se unirmos essas malhas ferroviárias e integrarmos todos esses paises, passaremos a ser o quarto conglomerado em extensão ferroviária no mundo”, afirmou. 

Os especialistas das empresas ferroviárias também destacaram a importância da iniciativa do 1º Fórum. “Quero agradecer essa iniciativa de Mato Grosso do Sul, em sua Assembleia Legislativa, de nos escutar, de fazer negócios e conectar nossos povos. Temos que nos interconectar”, pontuou o presidente da Ferrocarriles del Paraguay (Fepasa), Lauro Ramírez López. 

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