Deputados questionam exclusão de ramal de Ponta Porã em concessão de ferrovia

Imagem: Assunto foi puxado na tribuna por Pedrossian Neto
Assunto foi puxado na tribuna por Pedrossian Neto
27/04/2023 - 11:41 Por: Fernanda Kintschner   Foto: Luciana Nassar

A concessão da ferrovia que liga Corumbá (MS) a Mairinque (SP) foi tema de debate na tribuna durante sessão plenária desta quinta-feira (27), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), quanto a não inclusão do ramal que opera entre a capital Campo Grande e a cidade de Ponta Porã. O assunto foi puxado na tribuna pelo deputado Pedrossian Neto (PSD), que questionou estudo apresentado em audiência promovida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), na tarde da quarta-feira (26) – reveja aqui.

De acordo com o parlamentar, o projeto de relicitação corresponderá aos 1.625,3 quilômetros de ferrovia, que cortará o estado de Oeste a Leste, com melhorias e modernização pelo prazo de 60 anos, a um investimento aproximado de R$ 18 bilhões. “O ramal até Ponta Porã custaria só R$ 2 bilhões, isso não é grande coisa perto do relevante impacto que vai ter. Uma concessão por esse tanto de prazo, excluindo esse ramal é uma decisão que vai implicar muito, precisa ter muita responsabilidade”, explicou Pedrossian Neto.

Segundo o deputado, foi colocado que o trecho, hoje desativado, é inviável. “Eu pergunto como que 50 anos atrás era viável e hoje não mais? Temos toneladas de grãos produzidos naquela região tão significativa, que não dá viabilidade para esse canal? Não estou convencido do estudo de demanda e para o MS, por mais 60 anos, sem reativar esses quilômetros. Necessita clarificarmos, pois é justamente esse investimento que vai criar demanda de infraestrutura. Temos crescido ano a ano na agropecuária, vai dizer que não tem carga para levar? Quero propor uma nova audiência pública, em Ponta Porã, para mostrar que estão os excluindo”, sugeriu Pedrossian Neto.


João Henrique comparou com situação de energia à Corumbá

O deputado João Henrique (PL) concordou e revelou situação semelhante ocorrida no governo de Pedro Pedrossian (avô de Pedrossian Neto) e seu avô, Marcelo Miranda, então secretário, em que ambos foram à Brasília buscar investimentos para levar energia elétrica até Corumbá (MS). “Voltaram com a mesma negativa que está dizendo quanto ao ramal de Ponta Porã, que é inviável, que não tem população suficiente, que não tem viabilidade. Faço uma comparação, que então quando levaram investimentos para o Paraná já estava tudo pronto? Assim fizeram por conta própria e hoje Corumbá é uma das maiores cidades do estado. Os gestores muitas vezes têm que enfrentar os estudos pelo melhor para Mato Grosso do Sul”, destacou João Henrique.

O presidente da ALEMS, deputado Gerson Claro (PP), também se manifestou. “Como o próprio João Henrique disse aqui, sonho sem ação é só um sonho. Comentei com o Governo se o modelo de concessão está mesmo interessante, porque quando a iniciativa privada entra não é porque é 'boazinha' e sim porque tem retorno financeiro. Barão de Mauá trouxe ao Rio de Janeiro o telégrafo, na época ninguém acreditava. O privado faz conta, é próprio do capitalismo e temos que debater o que é, de fato, importante ao Estado e às próximas gerações”, considerou o presidente.


Mochi questinou a função de audiência. "Audiência é para ouvir e temos que engolir"

Na mesma medida, Junior Mochi (MDB) comparou que quando se realiza uma audiência é para colher as sugestões. “Audiência é para ouvir as pessoas, mas vieram aqui, mostraram o projeto e adianta de que se após isso não pudermos avaliar e dar um retorno. Nós estamos tendo que engolir do jeito que eles querem. Se existe um contrato, ele terá que ser cumprido e é extremamente importante atender Ponta Porã”, disse Mochi.

Zé Teixeira (PSDB) comparou a situação com a concessão da Rodovia MS-163. “Estou ouvindo a discussão e penso até na questão da judicialização disso, por exemplo, com o problema que estamos tendo com a rodovia. A comparação com a energia em Corumbá, no final fomos nós que pagamos a conta e é isso que vai acontecer, no final a conta é paga pelo consumidor”, comparou – entenda mais aqui.  

Pedrossian finalizou falando que é possível pensar em outro modelo de licitação que inclua o ramal, como foi feito com a concessão de aeroportos, em que ao conquistar um mais rentável, como o de São Paulo (SP), a empresa também foi obrigada a incluir investimentos em um em Boa Vista (RR).

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