Deputado quer obrigar presos a pagarem custos da tornozeleira eletrônica
O deputado João Henrique (PL) protocolou hoje, na Assembleia Legislativa, um projeto de lei que institui a cobrança pelo uso dos equipamentos de monitoração eletrônica (tornozeleira), a título de compensação financeira para o Estado de Mato Grosso do Sul. Por ano, o Estado gasta R$ 7,5 milhões para a manutenção destes equipamentos em uso. No geral, Mato Grosso do Sul gasta aproximadamente R$ 400 milhões com a manutenção de condenados ou não, nas unidades prisionais.
A cobrança terá o seu valor definido por ato do Poder Executivo Estadual, que levará em consideração o custo do Estado com a atividade de monitoração eletrônica, sendo o pagamento proporcional por tornozeleira.
Atualmente são 2.492 monitorados em Mato Grosso do Sul, com a expansão do segmento em virtude do coronavírus. O custo mensal unitário de uma tornozeleira eletrônica fica aproximadamente no valor de R$255,00 para o cofre público.
“Para manter estas pessoas monitoradas com a tornozeleira o Estado gasta mais de meio milhão de reais. Este dinheiro poderia estar sendo empregado na educação, na segurança ou onde mais for necessário”, diz o deputado.
O uso da tornozeleira eletrônica mantém a vigilância à distância de pessoas sob medida cautelar, medida protetiva ou condenadas por sentença transitada em julgado, executada por meios técnicos que permitam indicar a sua localização.
“Com a aprovação do presente projeto, o custo do uso da tornozeleira ficará por conta dos condenados que tenham condições financeiras de custear suas penas. Para ficar isento deste pagamento, o condenado precisará provar que não tem condições por meio de decisão da autoridade competente. E, como responsável direto pelo equipamento, caso ele o danifique, terá que pagar o valor do equipamento danificado”.
Nesta época de pandemia, a utilização da tornozeleira eletrônica durante o cumprimento de pena tem aumentado muito. É o que revela o relatório da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen), segundo dados do início do ano especificados no site do Governo do Estado.
Conforme dados da Unidade Mista de Monitoramento Virtual Estadual (UMMVE), em novembro de 2020, atingiu a inédita marca de 2 mil monitorados ativos. Em relação ao mesmo período do ano de 2019, houve um aumento de 14%, época que existiam pouco mais de 1,7 mil pessoas utilizando tornozeleiras.
“Após o surgimento das primeiras internações pela Covid-19, foram colocadas várias tornozeleiras eletrônicas em custodiados que cumpriam pena, visando assegurar a preservação da vida dos policiais penais que fazem escolta hospitalar. Com o uso do equipamento, foi possível evitar a permanência da escolta nos hospitais, considerados locais de alto risco de contágio da doença. Sem falar no aumento dos casos de violência doméstica, contra idosos e crianças”.
Os estados do Ceará, Santa Catarina e Sergipe já aprovaram lei neste sentido.