A importância dos cuidados na primeira infância é tema na tribuna

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Fila de espera por vaga na creche é atestado de incompetência, diz a pedagoga Ângela Maria Costa
15/08/2023 - 12:00 Por: Heloíse Gimenes   Foto: Luciana Nassar

Recentemente, a Presidência da República sancionou a Lei 14.617, que institui agosto como o Mês da Primeira Infância, a fim de promover ações de conscientização sobre a importância da atenção integral às gestantes e às crianças de até 6 anos de idade e a suas famílias. Na sessão desta terça-feira (16), a pedagoga Ângela Maria Costa foi convidada pelo deputado Professor Rinaldo Modesto (Podemos), para falar sobre o assunto na tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS).

“A primeira infância é a fase mais importante em todo o desenvolvimento da pessoa. Esse período que é essencial para o crescimento infantil em sua capacidade motora, socioemocional, cognitiva e tantas outras. Cada um dólar investido na primeira infância vai gerar uma economia de 13 dólares em assistência social, atendimento a doenças mentais, evasão escolar, abuso de drogas, sistema prisional e depressão. No Brasil, a nossa infância é roubada. Nosso atestado de incompetência é a fila de espera por vaga na creche”, destacou.

A pedagoga fez questão de ressaltar que a partir da Constituição Federal de 1988 nasceu um novo olhar para a primeira infância. O artigo 227 da Carta Magna passou a garantir os direitos das crianças e dos adolescentes como absoluta prioridade e abriu caminho para a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “A criança passa a ter direito à creche, que é dever do Estado oferecer. Em Campo Grande existem 8 mil crianças esperando vagas, e o tempo delas é agora, amanhã elas já estão em outras fases. É o direito sendo roubado em todo o Brasil”, disse.

Conforme estudo divulgado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), no Brasil crianças que mais precisam de creche ainda têm pouco acesso ao serviço. Entre as famílias mais pobres, apenas 24,4% das crianças de até 3 anos de idade frequentam creches no país, ou seja, uma a cada quatro. “É inadmissível que ainda vivemos esse problema. Nos países de primeiro mundo, a discussão é aumentar o período da licença-maternidade, enquanto em nosso País se discute vagas em creches. E já temos 35 anos de Constituição Federal”.

Ângela apresentou um panorama da infância e adolescência no Brasil. “45,4% de crianças de 0 a 14 anos vivem em situação de pobreza. Quase dois milhões estão em situação de trabalho infantil. Mais de 7 mil foram vítimas de homicídio em 2019. Mais de 2 milhões estão fora da escola, sendo que em Mato Grosso do Sul mais de 30 mil aguardam vagas nas creches. Estamos no caminho errado quando o assunto é educação e nos cuidados”.   

 

 

 

 

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