Ao relatar sofrimento de mães, deputados pedem prioridade em insumos às crianças atípicas

Imagem: Pedro Kemp usou a tribuna e Lia Nogueira deu seu depoimento como mãe de criança com autismo
Pedro Kemp usou a tribuna e Lia Nogueira deu seu depoimento como mãe de criança com autismo
22/10/2024 - 11:13 Por: Fernanda Kintschner   Foto: Wagner Guimarães

Mães de crianças com deficiência, chamadas de atípicas, lutam diariamente para que seus filhos tenham seus direitos respeitados. Dando voz a essa luta, os deputados usaram a fala durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) para cobrar do poder público mais atenção à educação especial e saúde básica.

Pedro Kemp (PT) iniciou o assunto na tribuna, relembrando que antes de atuar no Legislativo foi psicólogo da Rede Pública de Ensino, atendendo famílias de crianças com deficiência. “Fico bastante comovido e a minha indignação é que acompanho os grupos de mães, em que cansei de vê-las chorando em reunião, dizendo que vão até o CEM ou à Secretaria de Saúde, atrás de fralda, leites especiais, sondas e não conseguem. Há mais de dois anos 'batem com a cabeça na porta' e escutam que está em falta, está em licitação. E eu vou falar para meu filho ficar 90 dias sem comer? São mães que não tem condições financeiras”, lamentou.

Segundo o deputado há leite especial que custa R$ 180 a lata e dura para apenas três dias. “Façam as contas de quanto precisa, sendo que essa mãe vive com o Programa Cuidar de Quem Cuida, que dá para ela R$ 900 por mês. Sabe o que significa isso? Se ela usar todo o benefício não dá para comprar metade das latas que precisam no mês. Só sente a dor quem passa por essa situação. Elas têm que abrir mão da sua própria vida para cuidar desses filhos 24 horas por dia. Eu me comovo. Elas se deitam e pensam que não conseguiram atendimento. Se levantam e pensam: ‘será que vou ter forças para que meu filho consiga se alimentar?’”, detalhou Kemp afirmando que há dois anos os insumos estão com falhas nas entregas e que professores especializados de apoio foram substituídos por estagiários e técnicos.

Lidio Lopes (Patriota) disse que a Prefeitura de Campo Grande anunciou que um novo sistema vai permitir o acompanhamento da aquisição dos insumos e que a última compra vai atender ao público por um ano. “A última falta foi porque chegou com um saber diferente ao que algumas crianças estavam adaptadas, mas já se resolveu. A gestão também demonstrou que manteve 95% dos medicamentos disponíveis nas unidades de Saúde e novas salas de atendimento a TEA foram inauguradas”, divulgou.

As deputadas Gleice Jane (PT) e Lia Nogueira (PSDB) também pediram atenção redobrada às pessoas com deficiência e às suas cuidadoras. “Elas lutam para garantir o mínimo, que é a alimentação. É muito absurdo a gente estar debatendo uma coisa dessas. O Estado é responsável por garantir qualidade de vida a essas pessoas”, disse Gleice. “A gente vê esse desmonte na educação inclusiva que não é de hoje. Semana passada eu trouxe o caso de Amambaí, que os professores de apoio foram desligados, ou seja, vemos que a política social não está sendo efetivada. É uma luta constante, tudo tem que recorrer na Justiça, senão o poder público não faz o dever de casa. São relatos de chocar. Muitas que querem acabar com a própria vida, porque ninguém as ouve. Essa é uma bandeira que a gente levanta na ALEMS, mas as leis avanças e os municípios também precisam ser parceiros”, reivindicou Lia.

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