Discurso de Semy na Audiência dos Transgênicos

27/06/2003 - 16:13 Por: Assessoria de Imprensa/ALMS   

<P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>A produção e consumo dos produtos transgênicos tem se constituído num dos assuntos mais polêmicos do setor agropecuário nos últimos tempos. As discussões sobre sua segurança, seus riscos e benefícios, bem como os aspectos éticos envolvidos na liberação comercial de cada espécie de transgênico ocupam espaços importantes na imprensa, nas universidades, nos parlamentos e, aos poucos, no cotidiano da população. </FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>A percepção da população sobre essa questão é cada vez maior. Pesquisa do Ibope, divulgada em dezembro de 2002, indicou que 71% dos consumidores brasileiros preferem consumir alimentos que não contenham ingredientes transgênicos; 65% dos entrevistados acreditam que o plantio dessas espécies deveria ser proibido até que sejam dirimidas as divergências na comunidade científica quanto aos riscos desses produtos para a saúde dos consumidores e para o meio ambiente. E 92% entendem que os alimentos contendo ingredientes transgênicos deveriam trazer essa informação no rótulo. </FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Segundo os especialistas estamos diante de uma verdadeira revolução no uso da Ciência, que rompeu a curta distância que havia, até então, entre a ficção e a realidade, revolução esta capaz de propiciar a realização de modificações de espécies, através da manipulação dos seus códigos genéticos, criando, assim, novos organismos ou novos seres e, por conseguinte, novos produtos. Muitos críticos acusam uma associação incompreensível de interesses entre governos e pouquíssimas empresas globais que antes fabricavam agrotóxicos e que agora passam a produzir sementes transgênicas resistentes aos seus próprios agrotóxicos.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>O desencontro de opiniões é muito grande. Dependendo da fonte, pode-se ficar convencido de que já está provado que os produtos transgênicos são inofensivos à saúde e ao meio ambiente, ou justamente do contrário. Também se pode ficar convencido de que o Brasil pode 'perder o bonde da História' para impulsionar sua agricultura e ganhar mercados se não cultivar esses alimentos, ou de que o país poderá se beneficiar da preferência de consumidores europeus que rejeitam essa inovação da genética.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Diversas metáforas e comparações têm sido usadas por ambos os lados: os contrários aos transgênicos sendo mostrados em pé de igualdade àqueles que em 1904 promoveram a grande revolta contra a vacina da varíola no RJ; e os favoráveis a esses alimentos comparados como os pesquisadores otimistas que apoiaram o uso do inseticida DDT, hoje proibido em vários países por seus efeitos danosos à saúde e ao meio ambiente.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Neste contexto, parece extremamente necessário o aprofundamento da discussão no seio da sociedade civil e do poder público, para que não se cometam erros na condução de um assunto de magnitude ímpar como esse, com profundas implicações potenciais para a saúde humana, o meio-ambiente e a economia do Estado e do País.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Estamos tratando de coisas muito caras ao país. Estamos tratando, numa só questão, da integridade ambiental, da saúde humana e dos rumos de nossa agropecuária, que é considerada o motor de nossa economia. Na nossa região, no nosso estado, esta realidade é ainda mais inquestionável. A agropecuária é nossa principal fonte de riquezas e temos que apoiá-la e preservá-la o máximo que pudermos. Nosso meio ambiente também é muito rico. Temos o Pantanal, um santuário ecológico que não pode ser comprometido e necessita de cuidados especiais.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Hoje, os valores econômicos não reinam mais absolutos. O desenvolvimento tem que primar pela sustentabilidade, que leva em conta os aspectos ambientais e sociais, além dos econômicos. É necessário não comprometer os recursos que garantirão a sobrevivência das gerações futuras, que nos sucederão. É nessa visão que iniciamos esta discussão em nosso mandato.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>A Comissão de Agricultura desta casa possui a necessária pluralidade para avaliar esta e outras questões de forma democrática e respeitando as diversas correntes de opinião que representam a nossa sociedade. Discutiremos com paixão, mas com isenção. Não há preconceitos arraigados a respeito dos transgênicos. Queremos entender plenamente a questão e, quando decidirmos, queremos ter confiança de estar fazendo o melhor.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Desta forma, não podemos nos furtar aos questionamentos que o momento exige. Preocupa-nos, em relação aos transgênicos, a questão da dependência tecnológica. Preocupa-nos quando a imprensa noticia, como no último final de semana, que uma empresa ameace os parceiros comerciais do Brasil que adquirirem soja, visando receber “royalties” que nossa legislação não lhes assegura. Se agem assim neste momento, como agirão depois que nos tornarmos dependentes?</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Preocupa-nos o impacto desse novo modelo tecnológico que esta sendo criado na produção de alimentos, pelo domínio do mercado de sementes por algumas poucas empresas. O impacto desse oligopólio global sobre os pequenos produtores, que praticam a agricultura familiar e de subsistência e que são a maioria dos nossos produtores, não os levará à falência? Será que a agricultura familiar tem chance na era dos transgênicos?</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Preocupa-nos os possíveis impactos sobre o nosso meio ambiente, para não falar da saúde humana. Por mais que nos digam que os riscos são mínimos, sabe-se que o conhecimento de avaliação de impactos não é tão desenvolvido assim. Sabe-se que muitas vezes os efeitos podem demorar a aparecer e que só podem ser detectados após a ocorrência. Alguns estudiosos afirmam que estaremos jogando uma roleta ecológica, cujas possibilidades são pequenas, mas cujos efeitos podem ser irreversíveis.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><FONT size=1> <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></FONT></FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><B><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><FONT size=1>Há, portanto, muito o que discutir, muito o que aprender.<o:p></o:p></FONT></FONT></B></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Não haveremos de voltar as costas para o conhecimento, para a ciência. Não é assim que nos desenvolvemos. Não é assim que nossa agropecuária transformou-se na potência que é hoje. Mas também não agiremos como os habitantes originais de nossos territórios que entregavam seus tesouros em troca de espelhos e outras quinquilharias. Até porque temos capacidade científica e tecnológica para avaliar, adaptar e desenvolver as tecnologias mais interessantes para a nossa realidade.</FONT></P><P class=MsoBodyTextIndent style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1></FONT> </P><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt; FONT-FAMILY: 'Arial Narrow'; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA"><FONT face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif" size=1>Queremos ter controle sobre nosso território e sobre a nossa economia. Cada estado, cada região tem suas especificidades e elas devem ser respeitadas. Para isso é fundamental juntarmos os nossos esforços: Parlamento, Governo, comunidade científica, produtores e consumidores locais para definir e defender os nossos interesses. Respeitando a ciência, o conhecimento verdadeiro, sem dogmas, sem verdades absolutas e inquestionáveis, sem arrogância e, sobretudo, respeitando os interesses da nossa população, pois a ciência existe para servir o povo.</FONT></SPAN>
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