Comissão de Agricultura sugere ampliação de crédito para sojicultores

07/04/2004 - 22:37 Por: Assessoria de Imprensa/ALMS   

A Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Agrário da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul realizou na tarde de hoje (07/04) uma audiência pública com o objetivo de criar soluções financeiras para os produtores de soja no Estado que estão tendo prejuízo nesta safra devido ao baixo índice de chuvas.

<P>O secretário estadual de agricultura, José Antônio Felício, destacou que esse período de estiagem prolongado, especialmente na região sul do Mato Grosso do Sul. A maior preocupação é quanto ao financiamento fornecido aos sojicultores junto ao Banco do Brasil e empresas multinacionais. "O Banco do Brasil está se mostrando disposto à negociação com os agricultores para que eles não sintam tão prejudicados. Temos que ver a situação com as empresas multinacionais", disse Felício.

<P>O deputado estadual Paulo Corrêa, presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Agrário, lamentou a ausência dos representantes das multinacionais. "Hoje conseguimos reunir sindicatos, produtores e representantes do governo, do IBGE e Banco do Brasil para buscar uma saída para está crise. Mas apesar de vários contatos estabelecidos, nenhum representante das multinacionais teve boa vontade de comparecer", ressaltou Paulo Corrêa.

<P>No mesmo sentido manifestou-se o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rodolfo Vaz de Carvalho. "Em todos os nossos encontros, os produtores sempre deixaram claro que os contratos serão cumpridos. Principalmente porque os produtores e o Banco do Brasil estão sendo sensíveis. Falta haver a mesma boa ação do lado das multinacionais. Porque o Banco do Brasil não vai aumentar o prazo para o pagamento sendo que temos uma dívida outra dívida pesada com juros internacionais que não conseguimos pagar devido ao resultado dessa safra", destacou o presidente do sindicato.

<P>O deputado estadual Zé Teixeira (PFL) explicou que este ano foi atípico para todos os produtores e que o resultado apresentado por esta safra não podem ser um empecilho para futuros investimentos. "As multinacionais não podem pensar que houve somente um calote. O que aconteceu foi um longo período de estiagem e, por esse motivo, muitos sojicultores não colheram", explicou Zé Teixeira. Uma das saídas apontadas pelo parlamentar seria a negociação entre o produtor com a empresa internacional, para que haja análise de cada caso. "Mas isso deve acontecer de maneira rápida, para que o os efeitos dessa colheita não sejam tão fortes no bolso do agricultor", ressaltou.

<P>O superintendente do Banco do Brasil no Mato Grosso do Sul, Marcos Luiz Galles, destacou que os recursos para o Estado foram expressivos."Os investimentos superaram em uma vez e meia a média nacional. Essa compreensão se deve ao fato de conhecermos as dificuldades enfrentadas pelos produtores", disse.

<P>Os números indicam que cerca de 25% da safra foi perdida com a seca no Estado, índice que se aproxima a 20 % da produção nacional. Isso corresponde a R$ 1 bilhão. O representante do IBGE, João Paulo dos Santos Azambuja, explicou que os números oficiais ainda serão divulgados nos próximos dias. "Na próxima semana uma equipe organizará um levantamento sobre a situação de cada município no Mato Grosso do Sul", anunciou Azambuja. Sete cidades já decretaram estado de calamidade pública devido à seca.

<P>Os agricultores dizem estar colhendo apenas 30 sacas por hectare enquanto a média passa das 45 sacas pela mesma área. A estimativa atual é que cerca de 500 mil toneladas de grão serão perdidos. O preço da saca está cotado entre 17 e 20 dólares. O vice-presidente do Sindicato Rural de Maracaju, Élvio Rodrigues, diz que esse valor não será suficiente para obter lucro para o pagamento da dívida.

<P>Somente uma vez na história do Estado houve uma crise parecida na produção de soja. Foi no ano de 1978, mas durante a audiência pública alguns agricultores acreditam que o Mato Grosso do Sul vai passar pela mesma situação, que na época prejudicou não só a colheita de grãos, mas como a pecuária.

<P>O deputado estadual Paulo Corrêa destacou como encaminhamento da audiência um estudo para melhorar o sistema de crédito mantendo os juros de 8,75% ao mês e ampliar o valor do crédito, que hoje tem o valor máximo de R$ 200 mil por CPF. Outra sugestão que será analisada é a criação de um seguro de preço para evitar prejuízos aos agricultores.
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