Semy: Teimosia em instalar usinas no Pantanal é incompreensível

10/03/2005 - 16:42 Por: Assessoria de Imprensa/ALMS   

De tempos em tempos surgem notícias nos jornais de Mato Grosso do Sul sobre a intenção ou disposição de empresários na instalação de usinas para produção de álcool a partir de cana-de-açúcar na região do Pantanal. Pois bem, é inegável que qualquer investimento gerador de emprego e renda em nosso Estado, dependente da produção e exportação de commodities in natura, é muito bem-vindo.<BR><BR>O problema é a insistência incompreensível de que a instalação das usinas se dê na bacia do Rio Paraguai, que entra claramente em conflito com a legislação ambiental, na qual já existe o enquadramento dos cursos d’água daquela bacia desde 1994, com a classificação de rios de classe especial, precisamente por conta da fragilidade da planície pantaneira, a maior área inundável do mundo. Com um regime hidrológico sensível e ainda desconhecido, não é tecnicamente razoável a pretensão de se instalar empreendimentos naquela área do Estado. Romantismos à parte, a instalação de usinas de álcool na região pantaneira seria uma aventura de conseqüências imprevisíveis.<BR><BR>Além de razões técnicas, a instalação das usinas na região talvez seja um mau negócio. Afinal, como os rios do Pantanal são de classe especial, necessariamente será exigida a instalação de equipamentos de altíssimo custo para depuração dos efluentes, que poderão inviabilizar os empreendimentos. É importante que as autoridades estaduais que estão incentivando esta empreitada tenham esta visão abrangente de todo o processo, evitando a degradação ambiental desnecessária e até mesmo o prejuízo econômico.<BR><BR>Em nosso Estado, muitas áreas degradadas (pastagens, antigas lavouras, etc.) na porção leste, em campos de cerrado, podem ser muito bem aproveitadas para esses empreendimentos. Outro aspecto não muito lembrado em relação à região leste é a existência de uma bacia hidrográfica com rios de boa vazão, gerando grande capacidade de depuração e diminuindo substancialmente os investimentos necessários.<BR><BR>Assim, devido às características dos cursos d’água da bacia do Rio Paraná, seria exigida do empreendedor uma estrutura de tratamento muito menos custosa do que se a instalação se desse na planície pantaneira. Assim, coloco-me frontalmente contra a instalação de usinas de álcool na bacia do Rio Paraguai, mesmo nas regiões de planalto, pelas razões já expostas. E defendo, conclusivamente, a ampliação da discussão com a sociedade sul-mato-gressense e com os segmentos econômicos interessados em empreendimentos futuros no Estado, e a consulta aos setores de ciência e tecnologia locais.<BR><BR>Semy Ferraz – Deputado Estadual – PT
Permitida a reprodução do texto, desde que contenha a assinatura Agência ALEMS.