Capitães atribuem desnutrição nas aldeias ao alcoolismo e falta de terras

07/04/2005 - 20:41 Por: Assessoria de Imprensa/ALMS

Os deputados que compõem a CPI da Desnutrição e Mortalidade Indígena estão ouvindo neste momento os depoimentos dos capitães Luciano Arévalo, da aldeia Bororó, e Hélio Nimbu, da aldeia Jaguapiru. Os dois afirmam que problemas com bebidas alcoólicas e a desnutrição indígena são os principais fatores para a desnutrição. Os capitães, representantes das comunidades indígenas e, em alguns casos, responsáveis pela organização e distribuição dos benefícios do governo nas aldeias, dizem que convivem com a desnutrição há muito tempo. “Sempre existiram casos de desnutrição nas aldeias, inclusive causando mortes. Mas a situação piorou a partir do início da década de 80. Estão faltando água e terra”, declarou Arévalo. O capitão da aldeia Bororó disse que a população aumentou nos últimos anos. Hoje são 5,3 mil índios distribuídos por 1.140 hectares. “A situação também complicou com o recebimento de programas do governo, pois muitos indígenas resolveram mudar para a região. A comida distribuída se tornou insuficiente”. Luciano Arévalo ainda explicou que as famílias estão colhendo somente mandioca. “O restante das sementes plantadas não está sobrevivendo ao período de estiagem. Alimentos na aldeia só existem aqueles que o governo entrega”, garantiu. Hélio Nimbu destacou que o alcoolismo faz os pais não se comprometerem com os filhos. “Falta preparação para os pais, as famílias devem ser orientadas sobre a melhor maneira para sair do alcoolismo”. Já na aldeia Bororó, o capitão lembrou que por várias vezes a Funai teve que prestar socorro às pessoas alcoolizadas. Os indígenas também afirmaram durante depoimento que a Funai distribuiu sementes velhas e apodrecidas para o plantio nas aldeias. Participam do encontro os deputados Maurício Picarelli, Bela Barros, Pedro Kemp e Dr. Loester.

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