Reação coordenada e lei rígida combateu máfia na Itália

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Procuradora italiana Diana De Martino
15/10/2008 - 15:58 Por: Edivaldo Bitencourt    Foto: Roberto Higa

Palestrante do Fórum Internacional de Justiça (FOR JVS 2008), a procuradora Diana De Martino, coordenadora do Departamento de Repressão ao Crime Organizado em Roma, na Itália, falou sobre a "Organização mafiosa Cosa Nostra e as mais recentes formas de combate". Ela destacou, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, que o Estado só conseguiu deter o avanço da máfia após adotar uma reação coordenada.

Durante décadas, a máfia cresceu e se organizou na Itália. Conforme a procuradora, a Costa Nostra foi voltada para a atividade agropastoril até os anos 60, quando era comandada por proprietários rurais. Somente nas décadas seguintes, os criminosos se mudaram para as cidades e passaram a promover especulação imobiliária, ter relação com políticos e atuação internacional graças ao narcotráfico.

O poder público só conseguiu avançar na guerra contra os criminosos ao adotar uma reação organizada, iniciada em 1984 pelos juizes Giovanni Falcone e Pablo Borselino. Em 1992, isolados numa ilha com suas respectivas famílias, eles conseguiram condenar 470 mafiosos. A medida provocou reação de guerra dos mafiosos, que promoveram ataques contra o Poder Judiciário. Falcone morreu numa explosão em 23 de maio de 1992, enquanto Borselino foi morto em 19 de julho daquele mesmo ano.

Os assassinatos causaram grande comoção na sociedade italiana, que exigiu uma reação dura contra as organizações cirminosas. O Estado reagiu com leis mais duras, extinguindo benefícios dos mafiosos condenados, como o fim do direito da redução de pena e fim de contatos externos com a sociedade. Também passou a sequestrar os bens dos mafiosos e seus associados.

A Itália passou a contar com varas específicas de combate a máfia no Ministério Público e na polícia judiciária. Testemunhas passaram a contar com benefícios e proteção do Estado. Esta medida resultou na prisão de mafiosos intocáveis, como Bernardo Provenzano e Antonino Rotolo. Na época, mais 43 mafiosos foram presos e condenados a prisão perpétua.

Investigações confirmaram a crise nas organizações da máfia. Foram identificados oito grupos formados por 27 famílias, que tinham 5,7 mil associados na Itália. Para Diana De Martino, quanto melhor o desenvolvimento social de uma cidade, menor o espaço para a atuação do crime organizado. Ela destacou que a máfia cresceu nas áreas descobertas pelo Estado, já que oferecia trabalho e justiça às pessoas.

O FOR JVS 2008 está sendo transmitido ao vivo pela TV Assembléia de Mato Grosso do Sul no canal 9 da NET (Campo Grande) e 11 (Dourados).
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