Juiz federal Odilon detalha atuação do PCC

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31/05/2010 - 15:30 Por: Fabiana Silvestre    Foto: Roberto Higa

O juiz federal Odilon de Oliveira ministrou, na tarde desta segunda-feira (31), no Plenarinho Nelito Câmara, palestra a militares sobre segurança de autoridades e a atuação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

A atividade faz parte da programação do Estágio de Proteção e Segurança de Autoridades, que começa hoje e termina no dia 11 de junho, reunindo cabos, soldados, sargentos e oficiais das Organizações Militares de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Segundo Odilon, os militares também contribuem para consolidar a credibilidades das instituições públicas ao proteger as autoridades que as representam. "Vocês são anjos da guarda das autoridades, que devem ser reconhecidos", disse.

Odilon explicou que o "berço" das facções criminosas é o Sistema Penitenciário, ineficiente na tarefa de ressocializar os detentos.

O Primeiro Comando da Capital (PCC) foi criado em 31 de agosto de 1993 e tem como chefe Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola", que está preso. "A finalidade é basicamente econômica e tem como alvos o Judiciário, Ministério Público, Polícia e o Sistema Penitenciáro", disse Odilon.

Além da descapitalização das organizações criminosas, o juiz defendeu leis que dificultem, de fato, a atuação dos criminosos, como a Lei do Abate, que prevê a interceptação de aeronaves não identificadas. "São formas de obrigarmos essas facções a se reorganizarem sempre", analisou.

Odilon lembrou que Mato Grosso do Sul é um estado estratégico para as organizações criminosas, principalmente em virtude dos 1500 km de fronteira seca com Paraguai e Bolívia.

Explicou que o PCC tem como principais atividades o contrabando de armas e o tráfico de drogas, encontrando "verdadeiro oásis" no Paraguai. "Lá têm ambiente mais que propício, as autoridades dispõem de pouquíssimos recursos para combater o crime; lá podem se esconder e não há grande fiscalização das casas de câmbio, por exemplo", afirmou.

Corrupção

Para o juiz, a "harmonia entre os Poderes" é fundamental para coibir a corrupção federal, que causa prejuízos financeiros ao Brasil da ordem de R$ 41 bilhões. "É quase o equivalente ao orçamento do SUS, que é de R$ 42 bilhões; já pensou se esse dinheiro fosse investido na saúde?", questionou.

Conforme Odilon, com os recursos hoje perdidos devido à corrupção seria possível dobrar o número de leitos no Sistema Único de Saúde (SUS), estimados atualmente em 367 mil leitos.

A pirataria e o contrabando também causam rombos de R$ 3,5 bilhões e R$ 10 bilhões anualmente no país, segundo o juiz. Ele defende a descapitalização das organizações criminosas como mecanismo para enfraquecê-las.

Novos conhecimentos

Segundo o major Alexandre Rabelo da Fonseca, do 14º Comando de Polícia do Exército, a palestra do juiz Odilon foi importante para que os militares pudessem conhecer mais detalhadamente a atuação do PCC em Mato Grosso do Sul e suas ramificações pela América Latina.
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