Crianças aprendem a substituir guloseimas por comida saudável

A Lei da Cantina Saudável entrou em vigor no ano letivo de 2012 trazendo mudanças nas cantinas das escolas. Agora, os estabelecimentos de ensino estão proibidos de comercializar produtos como pirulitos, balas, refrigerantes, doces e frituras.

Para a nutricionista Lidiane Britts, o programa vai funcionar como um processo de reeducação alimentar. “Tínhamos que começar a inserir uma alimentação saudável na vida das crianças, então porque não iniciar pela escola?”, ressalta.

No entanto, afirma Britts, a responsabilidade da boa alimentação não se limita as cantineiras escolares. “Deve haver o apoio dos pais para que esse processo tenha continuidade em casa”, afirma. A nutricionista explica que também pode haver inversão dos papeis na hora do aprendizado, já que os filhos podem levar aos pais as dicas que recebem na escola de como se alimentarem melhor. “Muitas vezes, são os pais que tem uma alimentação desregrada e isso reflete no hábito dos filhos”, destaca.

Um estudo americano mostrou que comendo alimentos saudáveis na escola, a criança passa a consumir melhor também em casa. Estipular o tipo de alimento que pode ser vendido nas cantinas é, na opinião da cantineira Marileide Pereira, 39, um cuidado com a saúde das crianças. “Antes da lei, eu já tinha o costume de vender alimentos saudáveis como frutas e sanduíches naturais, agora pretendo substituir o refrigerante por sucos”, cita.

A grande oferta de sorvetes, balas, chocolates, salgadinhos e refrigerantes na maioria das escolas, incluindo as particulares, é, segundo a nutricionista, um risco para a saúde das crianças. “A obesidade infantil é um problema grave atualmente e as doenças causadas pela má alimentação podem se manifestar até mesmo em um longo prazo”, enfatiza.

Obesidade - Segundo a Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), o número de crianças obesas no Brasil cresceu drasticamente nos últimos 20 anos, atingindo hoje cerca de 7 milhões de crianças e adolescentes. O excesso de peso e a obesidade na infância são sinais, em pelo menos 2/3 dos casos, de obesidade quando adulto e de uma expectativa de vida reduzida de 5 a 20 anos, conforme a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Evitar que a criança recuse alimentos saudáveis como legumes e frutas vai depender agora não só da criatividade e paciência dos pais, mas também de professores e de todos os envolvidos na construção do saber escolar.

A Lei da Cantina Saudável surge como um incentivo, uma maneira eficaz de criar um relacionamento saudável com a comida, na opinião da secretária municipal de Educação de Campo Grande, Maria Cecília Amendola da Motta. De acordo com ela, a questão da venda de alimentos saudáveis nas cantinas irá refletir nas discussões em salas de aula. "Nossa intenção é trabalhar conteúdos que envolvam o assunto para que essa mudança de hábito seja a mais tranquila e natural possível", explica.

Por enquanto, a iniciativa tem sido adotada na Capital de Mato Grosso do Sul, mas a intenção é levar o hábito para todo o Estado. Desde agosto de 2011, tramita na Assembleia Legislativa um projeto de lei, de autoria do deputado George Takimoto (PSL), que obriga a comercialização de produtos saudáveis nas cantinas de escolas públicas. O parlamentar, que é médico da área de Clinica Geral, considera a obesidade infantil um risco sério que pode acarretar uma série de problemas, como diabetes e doenças cardíacas. Para Takimoto, a alimentação inadequada junto com o sedentarismo são os principais causadores desses problemas.