Acesso ao braille tem crescido no Brasil, destaca especialista

Imagem: Acesso ao braille tem aumentado significativamente no País.
Acesso ao braille tem aumentado significativamente no País.
21/09/2012 - 10:58 Por: Talitha Moya    Foto: Divulgação

No último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 37,5 milhões de pessoas afirmaram ter alguma deficiência visual, desde problemas leves, passando pela mais severa até a cegueira total. A maioria dessas pessoas ultrapassa os obstáculos diários no processo de inclusão social para a conquista da cidadania, ainda mais quando se trata da comunicação e acesso à informação.

Por um espaço no mercado de trabalho e o fortalecimento das relações sociais, as pessoas com deficiência visual têm prezado cada vez mais pela formação acadêmica e, por conta disso, buscam vários mecanismos de acesso à informação e aos materiais que atendam suas necessidades. Nesse contexto, a procura de pessoas cegas por escolas técnicas, universidades e centros de reabilitação tem crescido a cada ano.

Mas será que nesses centros educacionais, as pessoas cegas têm encontrado acesso aos recursos e materiais em braille? Membro da Comissão Brasileira do Braille, do Ministério da Educação, Telma Nantes de Matos responde que sim e assegura que esse acesso tem aumentado significativamente no País. “Atualmente os centros de produção de textos em formato acessível são cada vez mais democratizados”, ressalta a professora, que é cega e preside, em Campo Grande, o Ismac (Instituto Sul-Mato-Grossense para cegos “Florisvaldo Vargas”). A entidade é pioneira no atendimento especializado às pessoas com deficiência visual e na produção de materiais impressos em braille no Estado.

“Como somos um centro de atendimento educacional especializado, estamos à disposição das entidades educacionais, tanto governamentais como particulares, desde a educação infantil ao ensino superior”, detalha. O Ismac dispõe de um núcleo de produção de livros e textos impressos em braille, além de profissionais especialistas que estão à disposição de escolas para orientações, adaptações e transcrições de materiais para o sistema braille.

O instituto conta ainda com a biblioteca “Nazareth Pereira Mendes”, com um acervo de aproximadamente 1.200 títulos de diversos livros, uma audioteca onde são gravados livros de autores sul-mato-grossenses e demais livros didáticos e pedagógicos e ainda um centro de informática, com cursos de informática e orientações para o uso das tecnologias assistivas para as pessoas cegas e com baixa visão.

Atualmente, destaca Telma, grande parte da rede de ensino no País dispõe de um programa especializado de inclusão das pessoas com deficiência, com algumas salas multifuncionais totalmente equipadas, até mesmo com impressoras em braille e tecnologias, como telefones e computadores com sintetizadores de voz, materiais adaptados, recursos ópticos para pessoas com baixa visão.

Cotidiano - No dia a dia, pessoas cegas também têm encontrado mais facilidade no acesso à informação de produtos e serviços. “Observamos hoje que caixas de produtos alimentícios, de perfumarias e medicamentos também vêm com os nomes impressos em braille. Cada vez mais nos deparamos com elevadores e espaços físicos sinalizados com o sistema de leitura especial. Creio que isso seja consequência de uma longa luta do seguimento das pessoas com deficiência visual pelo direito de acesso às informações”, frisa. “O sistema braille é muito mais do que ter acesso à leitura e escrita. O sistema braille é aprender a olhar o mundo com as mãos e aprender a utilizar o tato para as atividades do dia a dia”, completa.

Quanto à inclusão de pessoas com deficiência visual, Mato Grosso do Sul tem quebrado barreiras. Exemplos estão na legislação que tentam adaptar o cotidiano da sociedade brasileira às necessidades de pessoas cegas, seja nas mudanças arquitetônicas quanto no acesso à informação. Nesse contexto, pode ser destacada a lei 3.300, de 7 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a instalação de placas de braille contendo a relação das linhas de ônibus e seus itinerários nos terminais rodoviários do Estado. A medida, de autoria do deputado Londres Machado (PR), veio facilitar a vida de portadores de deficiência visual.

“Enquanto especialista, devo dizer que é fundamental para o desenvolvimento educacional e social da pessoa com deficiência visual o acesso à informação. Os recursos de leitura e escrita em braille e a adaptação da informação ao sistema contribuem para que a pessoa cega exerça sua autonomia e independência”, finaliza Telma Nantes.
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