Teste mostra se bebês sofrem de cardiopatia já na sala de parto

Há um ano, Mato Grosso do Sul passou a ser o primeiro estado brasileiro a exigir o exame de oximetria em recém-nascidos. O teste do coraçãozinho, como é conhecido, é feito nas primeiras 24 horas de vida do bebê, e identifica problemas cardíacos congênitos. Segundo o médico pediatra Durval Batista Palhares, com o diagnóstico precoce, o bebê tem a possibilidade de receber cuidados médicos específicos mais cedo e levar uma vida normal na fase adulta.

O teste de oximetria poderia ter evitado, por exemplo, a morte repentina do estudante Alexandro de Souza Silva, de 15 anos, em outubro deste ano em Guarulhos, na Grande São Paulo. O menino, que faleceu enquanto jogava bola em uma aula de educação física, sofria de problemas no coração que nunca foram detectados. O caso chamou atenção para uma questão preocupante: a prevenção de doenças cardíacas na criança. Segundo informações da OMS (Organização Mundial de Saúde), de cada mil crianças nascidas vivas, uma média de oito apresentam algum tipo de cardiopatia congênita. A maioria dos pais desconhece essa realidade e a possibilidade de diagnosticar deformidades cardiovasculares nos filhos logo quando nascem.

Palhares explica que o desconhecimento é fato comum nas famílias, mas detalha que, hoje, com a exigência por lei, as maternidades públicas e privadas são obrigadas a disponibilizarem o aparelho de oxímetro que, segundo o pediatra, tem baixo custo, em torno de R$ 3 mil. "O exame é feito em todos os bebês ainda na sala de parto por meio de um oxímetro de pulso para medir os níveis de oxigênio no sangue. Quando ele acusa níveis abaixo de 95%, indicamos ecocardiograma para confirmar a suspeita de cardiopatia. Se o nível continua baixo, iniciamos um acompanhamento e um possível tratamento", frisa Durval.

As doenças relacionadas à cardiopatia infantil, ressalta o médico, são diferentes das do adulto. Por isso, normalmente o tratamento difere não só nas medicações como também na conduta a ser aplicada, que são diferentes e específicas para cada caso. Algumas doenças do coração requerem intervenção o mais cedo possível.

Um estudo recente na Universidade de Birmingham Women´s Hospital, no Reino Unido, confirmou a importância do exame de oximetria. Na pesquisa, 20 mil bebês aparentemente saudáveis de seis maternidades foram examinados por meio de um oxímetro de pulso para medir os níveis de oxigênio no sangue. O resultado apontou 195 bebês com resultado anormal no teste, destes 26 apresentaram importantes problemas cardíacos congênitos e 46 outros problemas que precisavam de tratamentos urgentes.

Com a publicação da lei 4.131/11, de autoria do deputado Marcio Fernandes (PTdoB), todos os recém-nascidos, seja pelo SUS (Sistema Único de Saúde), por planos de saúde ou mesmo particular, deverão ser submetidos ao referido exame ainda na sala de parto. "Fico satisfeito em saber que um método simples contribuirá com o diagnóstico precoce e tratamento dos recém-nascidos", revela o parlamentar.

Após se tornar lei em Mato Grosso do Sul, o teste do coraçãozinho também passou a ser obrigatório no Paraná e Rio Grande do Sul. A proposta ainda tramita em outras cidades e estados brasileiros.