Exemplo de superação, jovem com Down é orgulho da mãe
Irma com o filho Cirilo que, apesar da Síndrome de Down, encontrou portas abertas para o trabalho na Assembleia Legislativa.
17/05/2013 - 16:45
Por: Nathália Barros
Foto: Arquivo
Mas, horas depois, veio o choque. “O médico assistente do meu parto, grande amigo da família e que tinha um filho com Síndrome de Down, logo constatou que nosso filho também tinha nascido com a síndrome. Naquela hora fiquei sem chão, desnorteada”, lembra Irma.
Com o apoio do amigo médico e auxilio psicológico, Irma considera que o processo de “aceitação” foi rápido. “É claro que no princípio eu e meu marido ficamos confusos, sem saber como lidar com a situação. Mas, com tanta gente dando suporte, logo encaminhamos o Cirilo para tratamento adequado”.
Empenhada em garantir que o filho pudesse desfrutar de uma vida normal, Irma ficou conhecida em Coxim como a “pioneira da inclusão”. Aos 12 anos Cirilo foi matriculado em uma escola regular. “Queria que ele vivenciasse tudo que uma criança dita 'normal' pode desfrutar. Portanto, sempre o levei para confraternizações, festas, enfim, tudo que pudesse proporcionar bons momentos para ele”, comenta.
Há sete anos, Cirilo e a família saíram de Coxim rumo a Campo Grande. Na Capital, ele foi matriculado na Escola Juliano Varela, especializada em pessoas com Síndrome de Down. Muito ativo, se envolveu em diversas atividades. Aos 20 conheceu o projeto de inclusão no mercado de trabalho e traçou uma meta. “O que ele mais queria era trabalhar. O problema é que a maioria das oportunidades que surgia era em frigoríficos e similares, então não permitia”, confessa a mãe.
Mas, um convênio firmado entre a Assembleia Legislativa e a Escola Juliano Varela, em maio de 2012, mudou essa história.
“Quando surgiu a oportunidade de ele ir para a Assembleia me senti realizada. Poderia realizar o sonho dele e, ainda por cima, ficar tranquila”, desabafa Irma. “Hoje ele é mais confiante. Gosta muito do emprego e faz questão de dizer para todos que trabalha na Assembleia Legislativa. Isso me deixa muito orgulhosa”, conclui.
Conforme a psicóloga da Escola Juliano Varela, Alessandra Maciel Gonçalves, para quem tem Síndrome de Down, o momento mais conturbado é a adolescência. “Nesse período eles começam a ter consciência de que não são iguais aos outros. Entretanto, têm o desejo de conquistar objetivos, assim como quem não convive com o problema. Para que consigam se sentir como parte comum da sociedade, o trabalho é fundamental”, avalia a psicóloga.
Mesmo com a dicção comprometida, característica comum da síndrome, Cirilo não se inibe. Enquanto era entrevistado, fez questão de mandar uma mensagem para a mãe: “Mãe querida que eu amo. A senhora é muito especial e eu quero que a nossa família fique junta para sempre”.
“Acredito ser privilegiada. Escolhida por Deus. Afinal de contas, ser mãe do Cirilo é sinônimo de crescimento constante. Aprendo a cada dia. Não sei o que seria de mim sem ele”, comenta emocionada ao lembrar do trajeto percorrido até hoje. “Meu maior objetivo não é ter riquezas ou coisa parecida, mas saber que contribuí para a felicidade dos meus filhos, em especial a do Cirilo”, desabafa.
Na Assembleia Legislativa - Os olhos de formato amendoado e o nariz achatadinho são algumas das características que evidenciam que Cirilo é portador da Síndrome de Down, mas não é isso que faz com que ele se destaque em meio à multidão. Com uma energia diferente, Cirilo, que é um dos três jovens com a síndrome que trabalham na Casa de Leis, é conhecido pelos servidores da Assembleia Legislativa pela alegria, disposição e autenticidade.
“Ele é um garoto muito esperto e dócil. Tudo o que peço ele atende. Sempre muito interessado”, define Roberto Teixeira Júnior. Chefe do protocolo geral e, consequentemente, chefe de Cirilo, Júnior acredita que “tantas qualidades são o reflexo da criação”.
Síndrome de Down - As crianças com Síndrome de Down possuem algumas características físicas específicas, que podem ser observadas pelo médico para fazer o diagnóstico clínico. Nem sempre a criança com a síndrome apresenta todas as características. Algumas podem ter poucas, enquanto outras podem mostrar a maioria das características, que são: inclinação das fendas palpebrais; pequenas dobras de pele no canto interno dos olhos; língua aumentada e proeminente; achatamento da parte de trás da cabeça; ponte nasal achatada; orelhas menores; boca pequena; tônus muscular diminuído; ligamentos soltos; mãos e pés pequenos; pele na nuca em excesso; palma da mão com uma linha cruzada (linha simiesca) e distância entre primeiro e segundo dedo do pé aumentada.
Frequentemente essas crianças apresentam malformações em órgãos desde seu nascimento: do coração, atingindo 30% dos portadores de Síndrome de Down; do trato gastrointestinal, como estenose ou atresia do duodeno, imperfuração anal e doença de Hirschsprung; perda auditiva condutiva; problemas de visão; alguns tipos de leucemia que acabam incidindo com mais chances nos downs, além do desenvolvimento de características neuropatológicas da doença de Alzheimer em uma idade muito mais precoce.
* No mês em que é comemorado o Dia das Mães, o portal de notícias da Assembleia Legislativa presta homenagens a todas as mães do Estado por meio de histórias como a de Irma, que mostram a força da palavra “Mãe”. As matérias estão sendo postadas às sextas-feiras até o fim de maio.
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Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.
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