Há 17 anos, Lei da Libras auxilia surdos em Mato Grosso do Sul

Imagem: Procura por cursos de Libras tem crescido muito; hoje já são 344 intérpretes na rede estadual de ensino.
Procura por cursos de Libras tem crescido muito; hoje já são 344 intérpretes na rede estadual de ensino.
18/10/2013 - 16:20 Por: Nathália Barros    Foto: Carolina Assis

Com o som da sirene, os condutores liberam caminho e a viatura dos bombeiros está livre para passar. A não ser por um carro.

Outros condutores tentam avisar, mas o esforço é em vão. Entretanto, o que eles nem imaginam é que a motorista não está provocando o transtorno porque deseja, mas, porque é surda.

O episódio não se trata de uma estória, mas de uma história. O acontecimento foi relatado por um professor de Libras a policiais rodoviários federais que, pela primeira vez na história da corporação, tiveram acesso ao curso de Linguagem Brasileira de Sinais.

“Acredito que, ao contar este caso, ele quis evidenciar a dificuldade que os surdos enfrentam, também, ao conduzir um veículo”, comenta a policial rodoviária federal Haifa Melgarejo Cueve. Ela e outros 26 profissionais que trabalham na PFR, entre policiais e pessoas contratadas para atuar em áreas de atendimento, participaram do curso.

“As pessoas que fizeram o curso, com duração de 60 horas, têm contato direto com a população ou no atendimento administrativo ou na estrada, com abordagens. Com certeza, graças a este curso, conseguiremos atender com mais eficiência as pessoas que enfrentam deficiências auditivas”, defende a policial, lembrando que o professor buscou estudar as palavras utilizadas frequentemente pela Polícia Rodoviária Federal.

O curso ministrado na PRF foi oferecido gratuitamente por intermédio da Copesp (Coordenadoria de Políticas Públicas para Educação Especial), e atende a lei estadual 1.693, sancionada em dezembro de 1996.

A lei - De iniciativa do deputado estadual Maurício Picarelli (PMDB), vice-presidente da Assembleia Legislativa, a medida reconhece no Estado a língua gestual codificada na Libras como meio de comunicação objetiva de uso corrente, além de tornar obrigatório o treinamento de pessoal do quadro de servidores estaduais, diretamente ou por meio de convênios. O objetivo é garantir que as repartições públicas, voltadas para o atendimento externo de profissionais, possam compreender a comunidade surda.

Após 17 anos da criação da lei, hoje já são 344 intérpretes na rede estadual de ensino, distribuídos em 40 municípios, e a Copesp trabalha no sentido de ampliar ainda mais esse número. Atualmente, 26 professores de Libras, que são surdos, dão aulas para pessoas interessadas em conhecer a Linguagem Brasileira de Sinais.

“Oferecemos cursos gratuitos, a exemplo do que foi ministrado para a PRF. Basta que entrem em contato conosco, para que possamos organizar a agenda dos nossos professores. Afinal, eles têm que se revezar em idas e vindas ao interior do Estado, onde o curso também é oferecido. No caso das prefeituras, é necessário que elas garantam, em contrapartida, a hospedagem e alimentação, além das despesas com a viagem, já que o profissional geralmente fica uma semana inteira no município”, ressalta a coordenadora da Copesp, Vera Lúcia Gomes Carbonari.

Na Casa de Leis, o curso também foi ministrado aos servidores. Valquiria Nunes da Penha, que trabalha no setor de protocolo da diretoria de Recursos Humanos é uma das alunas. Dedicada, ela está prestes a se tornar intérprete. “O interesse veio com a oportunidade. Diferente de grande parte dos alunos de Libras eu não tenho ninguém surdo na família. Mas, conforme fui conhecendo a linguagem, me apaixonei. Hoje, vejo na habilidade, um mercado promissor. Pretendo ingressar neste ramo”, conta a servidora que há seis anos estuda a língua de sinais.
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