Mãe teve o filho assassinado por ser negro em Campo Grande

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Cleonice Rocha da Silva
20/11/2009 - 10:31 Por: Edivaldo Bitencourt    Foto: Higa

Em pleno século XXI, a dona de casa Cleonice Rocha da Silva, 43 anos, moradora de Campo Grande (MS), sentiu na pele e no coração o peso do racismo. Há quase dois anos, em 29 de dezembro de 2007, seu filho, Anderson da Silva Faria, 20 anos, foi baleado por ser negro. Ele morreu no hospital no dia 14 de janeiro do ano passado.

O acusado do assassinato é o empresário Geraldo Francisco Lessa, que teria matado o jovem porque não aceitava o namoro com a sua sobrinha, que é branca.

"Não dá para acreditar que ainda hoje tiram a vida de alguém por ser negro", lamentou a mãe, que participa ao lado de quatro dos cinco filhos da Sessão Especial em Comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra e entrega da Medalha do Mérito Legislativo Zumbi dos Palmares, que acontece na manhã desta sexta-feira no Plenário Júlio Maia.

"Acho a solenidade importante porque eu sei o que é racismo, sofre na pele, perdi meu filho jovem e cristão", lamentou Cleonice, que está com uma camiseta pedindo a punição do crime de racismo.

"As pessoas devem se conscientizar que a pele não manda nada, manda o que está dentro do coração", aconselhou a mãe, que cobra Justiça, já que o acusado de matar seu filho continua solto e ainda não foi condenado.

Durante seu discurso, o deputado Amarildo Cruz (PT), proponente da sessão, destacou a luta de Cleonice Rocha da Silva. Ele lhe fez uma homenagem e o plenário aplaudiou a sua luta contra o racismo. "Seu filho foi assassinado há dois anos, por um crime cometido por motivos raciais", lembrou o petista.
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