Para deputados, intervenção federal acirrou conflitos em Iguatemi
01/12/2011 - 15:10
Por: Fernanda França - Assessoria de Imprensa
Após visitar a área de um acampamento de índios guarani-caiovás destruído durante ataque em agosto, o secretário Nacional de Articulação Social da presidência da República, Paulo Maldos, informou à imprensa ter sido parado em uma estrada rural por quatro homens em duas caminhonetes. Mais de cem índios e representantes do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) também estavam presentes, além da Força Nacional e MPF (Ministério Público Federal).
O secretário afirmou que os homens dispararam ofensas, ameaças, fotografaram e filmaram tudo o que aconteceu. Entretanto, o presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, Márcio Margatto, ocupou nesta manhã (1) a tribuna da Assembleia Legislativa para negar os fatos.
Ele exibiu um vídeo que mostra parte da discussão no dia. As imagens registram Margatto, que gravava a conversa, pedindo identificação do secretário da Presidência.
Em um trecho, Maldos e o presidente do sindicato iniciam uma pequena discussão. “O senhor me respeite do mesmo jeito que o respeito”, disse Margatto, num momento tenso da gravação.
Lideranças indígenas que aparecem nas imagens começam a afirmar que pelo menos 250 índios morreram no Estado contra nenhum produtor rural. Para Márcio, a discussão com o representante do governo federal mostra clima contrário ao de pacificação.
Margatto contou que foi ao local após ser acionado pelo proprietário rural dono da área em que a comitiva estava (fazenda Cambará). No dia seguinte, coincidentemente, os indígenas que estavam na área montaram acampamento no local.
Após assistirem ao vídeo e ouvirem as explicações de Margatto, deputados estaduais protestaram contra a maneira com que a questão está sendo conduzida.
Para a deputada Mara Caseiro (PTdoB), o representante do governo federal que deveria “trazer a paz” para a área de conflito, acabou piorando a situação no local.
“É preciso que as autoridades federais venham aqui para sentar à mesa e discutir a questão, não ir a uma região de conflito causar mais problemas do que já existe. É nessa linha que deveriam ter agido, conversando, e não fazendo sensacionalismo”, disparou a parlamentar, que representa a região do Conesul na Assembleia Legislativa.
Ela também propôs que os parlamentares formem uma comissão, a fim de colaborar para que o conflito entre índios e fazendeiros seja resolvido o mais breve possível na região.
“Juntos, podemos negociar e encontrar uma solução, sem aflorar ainda mais a questão como está sendo feito”, complementou.
Na opinião da deputada, os índios são tratados hoje de maneira protecionista, o que precisa mudar em Mato Grosso do Sul. “Eles querem ser tratados como cidadãos comuns, com seus direitos e deveres. O governo não pode mais tratá-los como incapazes, já que eles podem trabalhar e produzir como qualquer cidadão”, enfatizou.
Líder ruralista na Casa, o deputado Zé Teixeira (DEM) questionou na tribuna da Assembleia o fato de o Cimi estar acompanhando o representante do governo federal nesta vistoria.
“Qual a necessidade do Cimi estar acompanhando um articulador do governo federal? O Cimi está pregando a discórdia, está atrapalhando os próprios indígenas”, protestou.
Líder do PMDB, o deputado Eduardo Rocha afirmou que Mato Grosso do Sul “não é uma currutela” para que um representante de Brasília chegue e pregue a desordem. “Temos que discutir esta questão com responsabilidade”, enfatizou.
O deputado petista Cabo Almi afirmou que seus colegas estavam ouvindo apenas um lado. Entretanto, Zé Teixeira rebateu, dizendo que estavam colocando apenas os fatos “que não saíram na imprensa”.
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