Mara Caseiro repudia boicote e diz que carne e soja de MS têm suor do produtor

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Mara Caseiro vai a tribuna protestar contra ameaça de boicote
22/10/2015 - 14:49 Por: Fernanda França    Foto: Patrícia Mendes

A deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB) repudiou hoje (22) campanha que está sendo divulgada não apenas no Brasil, mas também em países da Europa, de boicote contra a carne e a soja de Mato Grosso do Sul, entre outras commodities.

A alegação do Cimi (Conselho Indigenista Missionários) e de outras instituições similares é de que esses produtos não devem ser consumidos por serem banhados com sangue de indígenas. A ideia também foi defendida em plenário por Sônia Guajajara, coordenadora da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o que foi repudiado por diversos parlamentares.

De acordo com Mara Caseiro, essa é uma declaração irresponsável, que denigre a imagem de Mato Grosso do Sul e põe em risco sua economia.

“Eles querem denegrir a imagem de nossos produtores e também desta Casa. Não podemos permitir que pessoas entrem aqui na Assembleia e falem mentiras. Essa mensagem proferida aqui, e levada para fora do País, é calúnia, é difamação. Nossa carne e nossa soja não têm sangue indígena, isso é uma mentira enorme. Têm sim o suor e a lágrima de nossos produtores rurais”, disparou.

Para a deputada, que é presidente da CPI do Cimi, Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga se o órgão é culpado por incitar e financiar invasões a propriedades particulares no Estado, a ideia desse boicote, classificado por ela como “absurdo”, surgiu do Cimi.

“Quando você abre o site do Cimi, já vê logo estampada essa matéria sobre o boicote à nossa soja e nossa carne. De onde será que veio essa ideia? Ontem chegaram a publicar uma charge, uma coisa absurda, onde esta Casa tem sua imagem denegrida, como se estivesse cometendo crimes e assassinando indígenas. Não podemos permitir isso”, afirmou.

Mara Caseiro apoiou a ideia proposta pelo deputado Paulo Corrêa (PR), relator da CPI do Cimi, de que um fundo seja criado e abastecido com recursos do governo do Estado para pagamento de dívidas ao governo federal. A verba seria revertida para a aquisição de terras para os povos indígenas, o que colaboraria para o fim do conflito.

A parlamentar reafirmou ainda que a CPI do Cimi não foi criada para atacar os povos indígenas.

“A CPI não é para violar direitos indígenas. Foi criada para investigar o Conselho Indigenista Missionário, que de missionário não tem nada. Temos que dar condições dignas para nossas comunidades indígenas, mas que as terras sejam compradas dos proprietários que têm suas terras tituladas”, disse.

Mesmo assim, Mara Caseiro acredita que a ampliação do território não é sinônimo de melhorias para a vida dos indígenas de Mato Grosso do Sul, a exemplo dos Kadiwéu, que têm quase 350 mil hectares legalizados para apenas 3 mil índios. No entanto, vivem na pobreza na região de Porto Murtinho.

Ela defendeu que seja feita uma espécie de reforma agrária indígena e que a eles seja oferecida assistência técnica para o plantio, colheita e manejo de animais.

GASTOS DO CIMI

Mara Caseiro apresentou em plenário uma ata da 14ª Assembleia Geral do Cimi, onde consta uma prestação de constas dos anos de 1999 e 2000.

Em 1999, o órgão angariou R$ 6,1 milhões e gastou 4,2 milhões, tendo superávit de R$ 1,8 milhão.

Já em 2000, foram R$ 4,7 milhões arrecadados com despesa de R$ 4,9 milhões, um déficit de R$ 208 mil. Mara Caseiro questionou a origem e o destino desses recursos.

“De onde vem e para onde vai todo esse dinheiro que entra para o Cimi? É o que queremos saber, pois não vemos melhorias na vida de nossas comunidades indígenas”, finalizou.
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