Ex-assessor do Cimi cai em contradição durante acareação

Imagem: Acareação entre Maucir Pauletti e Matsushita
Acareação entre Maucir Pauletti e Matsushita
01/12/2015 - 19:00 Por: Fernanda França - Assessoria de Imprensa    Foto: Patrícia Mendes

O ex-assessor jurídico do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Maucir Pauletti, caiu em contradição na tarde desta terça-feira (1º), durante acareação promovida pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga o órgão. A acareação foi feita com o delegado André Matsushita.

Durante gravação exposta na semana passada, durante oitiva da CPI, Pauletti falava com um interlocutor sobre um suposto grampo que estava sendo feito em suas ligações e avisou que iria acionar dois colegas dele “da secreta” para levantar informações sobre as escutas.

Quando questionado sobre a identidade desses colegas, citou o nome de Matsushita e disse que o outro era de Dourados.

Convocado pela CPI para prestar esclarecimentos, o delegado negou veementemente ter qualquer conhecimento sobre investigação envolvendo Pauletti ou ter conversado com ele sobre grampos.

“Conheço ele da universidade, como professores que somos, mas nunca misturei meu trabalho acadêmico com minha atuação na polícia. Tenho a impressão de que ele (Maucir Pauletti) queria impressionar seus interlocutores com uma falsa influência com as autoridades. Talvez ele tenha citado meu nome nesse sentido”, esclareceu o delegado.

Maucir Pauletti confirmou a versão do delegado, entrando em contradição com seu depoimento prestado à CPI na semana anterior. Ele disse que ficou tão atônito com a gravação que falou o primeiro nome que veio à sua mente.

“Saindo do depoimento, liguei para o André porque fiquei em dúvida se ele me passou algo, mas tive a certeza de que não. Ele sempre agiu com ética”, afirmou, aproveitando a ocasião para desculpar-se com o colega.

Ele disse que não se lembra com quem estava conversando na ocasião da gravação do áudio, mas admitiu que poderia ser um padre.

Na tentativa de justificar sua conversa com esse interlocutor a respeito de um suposto grampo, Pauletti citou uma ocasião em que participou de uma palestra do falecido professor Antônio Brant, indigenista da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), no Horto Florestal. Em função do quadro envolvendo conflitos agrários no Estado, um outro delegado, alto e branco, de nome “Osmar ou Oscar” teria avisado o professor e o próprio Maucir de que conversas de integrantes do Cimi estariam sendo gravadas.

GRAVAÇÃO APÓCRIFA

Em clara intenção de defender Maucir Pauletti, o deputado estadual Pedro Kemp (PT), membro da CPI, questionou a origem do áudio em que o ex-assessor do Cimi faz declarações misteriosas e polêmicas, entre elas de que a Igreja Católica atua nos bastidores “de forma desumana”. Ele também fala sobre a guerra entre indígenas e fazendeiros e admite uma “sequência de crimes em cadeia”, onde se inclui.

Kemp disse que a CPI não pode iniciar investigação de qualquer material, sem saber a procedência, e colocou em xeque o trabalho da assessoria da comissão. “A assessoria nem deveria deixar passar esse vídeo. Se eu fosse o Maucir Pauletti nem iria prestar depoimento”, colocou.

Indignada, a presidente da CPI, deputada Mara Caseiro (PTdoB), afirmou que tudo o que chegar ao conhecimento da comissão será apurado.

“O que queremos é saber a verdade, doa a quem doer, e tudo que nos chegar será apurado, até porque algumas pessoas temem por sua segurança e preferem não se identificar, o que é uma prerrogativa”, esclareceu.

Mara também se mostrou indignada com a tentativa de Pedro Kemp em desqualificar o trabalho da assessoria de uma comissão que faz um trabalho sério, do qual ele também faz parte.

“Eu não aceito que o senhor venha aqui desqualificar o nosso trabalho. O senhor está colocando em xeque a seriedade da nossa comissão e eu estou me sentindo extremamente agredida com isso. Fazemos um trabalho muito sério”, disparou.

O deputado petista chegou a insinuar que o áudio que chegou à CPI, em que Maucir Pauletti conversa com um interlocutor, pode ter sido uma cilada para o ex-assessor do Cimi.

Mara Caseiro finalizou questionando se Kemp era advogado de Pauletti e do Cimi.

“Em momento algum Maucir Pauletti colocou em dúvida o material exposto aqui e respondeu todos os nossos questionamentos. Não há porque o senhor que nem é advogado dele colocar isso em questão”, disse.

Ela também reafirmou que ela e toda a assessoria da comissão estão tomando todo o cuidado para que o trabalho seja feita com a maior lisura possível.
As matérias no espaço destinado à Assessoria dos Parlamentares são de inteira responsabilidade dos gabinetes dos deputados.