Deputada questiona imparcialidade de visita da relatora da ONU ao Estado

Imagem: Mara Caseiro contesta motivação da visita da representante da ONU
Mara Caseiro contesta motivação da visita da representante da ONU
11/03/2016 - 15:25 Por: Fernanda França    Foto: Victor Chileno

A deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), presidente da CPI do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), está questionando a imparcialidade da visita da relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, a Mato Grosso do Sul.

Oficialmente, a visita de dez dias visa verificar a implantação das recomendações feitas em 2008 pelo seu antecessor no cargo. Entretanto, com base no seu currículo, é de se esperar que seu relatório defenda novas demarcações e outras medidas do gênero, que nada acrescentam para trazer soluções à guerra no campo e nem contribuem para o crescimento social, cultural e profissional dos indígenas.

Especialistas como Tauli-Corpuz trabalham a título voluntário, não são funcionários da ONU e não recebem salário da entidade pelo seu trabalho. Também não devem ser ligados a nenhum governo ou ONG.

Porém, ela possui longo currículo de ativista internacional de direitos humanos, tendo atuado em inúmeras iniciativas de criação de movimentos de povos indígenas e de promoção da chamada Ideologia de Gênero. Já atuou também como instrutora em educação sobre direitos humanos, desenvolvimento e povos indígenas, em diversos contextos.

Segundo o seu perfil no próprio site da ONU, ela é membro do Comitê de Seleção Nacional da Fundação Ford nas Filipinas desde 2002, além de integrar o Grupo de Trabalho sobre Ética da Engenharia Genética do Conselho Mundial das Igrejas.

“Ficamos temerosos com uma visita dessas, pois ela é ligada a Fundação Ford e ao Conselho Mundial das Igrejas, que está diretamente envolvido na criação de vários organismos como o Instituto Socioambiental, e o próprio Cimi. Com certeza o relatório dela sofrerá influências absurdas”, comentou Mara Caseiro.

Ainda conforme a parlamentar, sua parcialidade fica clara no momento em que ela sabe que há duas CPI’s funcionando em Mato Grosso do Sul, com abordagem de questões indígenas, e só procura um parlamentar para trocar impressões.

“Mesmo sabendo das duas Comissões Parlamentares de Inquérito, e da Existência de uma Subsecretaria Indígena no Estado, ela não teve a capacidade de ouvir os membros dessas CPIs, ela está ouvindo apenas quem defende o Cimi”, disparou a deputada.

Natural das Filipinas, Tauli-Corpuz é fundadora da ONG filipina Tebtebba – Indigenous Peoples’ International Center for Policy Research and Education, com a qual auxiliou a criação da Rede Global Indústrias Extrativistas e Povos Indígenas, em 2010. Por meio da rede, a ONG mantêm relações com mais de 30 organizações congêneres de todo o planeta, incluindo o Conselho Indígena de Roraima (CIR), sucursal local do Cimi.

Ontem, ela visitou as comunidades indígenas de Dourados, Aral Moreira e Coronel Sapucaia, e deve permanecer no Estado até domingo. Outros destinos de Victoria no Brasil são os estados da Bahia e Pará, que também apresentam alta concentração de população indígena.

De acordo com Mara Caseiro, ela está equivocada com a real situação dos povos indígenas em Mato Grosso do Sul, uma vez que só está tendo contato com uma versão dos fatos.

“Ela está ou quer permanecer alheia, dentro de uma conclusão ideológica do que traz o seu currículo. Em vez de trazer soluções para melhorar a vida de nossas comunidades indígenas, vem com a mesma ideologia do ódio e da guerra no campo. Seu relatório, dessa forma, atuará pelo fortalecimento desse movimento do Conselho Mundial de Igrejas, para continuar a guerra instalada no Estado e no País, salvando as políticas indigenistas que querem trazer a guerra e o ódio para o campo”, concluiu a deputada.
As matérias no espaço destinado à Assessoria dos Parlamentares são de inteira responsabilidade dos gabinetes dos deputados.