Lucros dos frigoríficos aumentam, mas condições de trabalhos estacionam no MS, aponta estudos do Diesse

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16/11/2009 - 12:01 Por: Gerson Jara    Foto: Tião

Passada a crise internacional, A lucratividade do ramo do frigorífico vem aumentando com a fusão, mas as condições de trabalhos e salarial do setor estão praticamente congeladas. É o que aponta o levantamento Indicadores do setor Frigorífico no MS, feito pelo Diesse (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sociais e Econômicos) a ser apresentado nesta segunda-feira, às 14h00, em Audiência Pública Condições de Trabalhos nos Frigoríficos, convocada pelo deputado estadual Amarildo Cruz, em parceria com CNTA (Confederação Nacional de Trabalhadores na Alimentação e Afins), Sindmassa-MS e o dep. Federal Antonio Carlos Biffi.

Pelo estudo encomendado pela CNTA, os balanços divulgados pelas empresas do setor frigorífico apontam um desempenho muito bom em 2008 e no primeiro semestre de 2009. Pela análise dos balanços publicados, a receita líquida em 2008 foi de 114,5% para a JBS-Friboi; 85,7% para a Marfrig; 71,8% para a Perdigão. Todavia, o número de trabalhadores contratados em frigoríficos no Mato Grosso do Sul cresceu pouco nos últimos meses, em especial devido ao grande número de demitidos em dezembro de 2008.

O estudo na avaliação do Secretário Geral do Sindmassa-MS, Fábio Alex Bezerra Salomão, quebra o discurso de retração do mercado, argumento usado pela empresários do setor para dividir a reposição salarial de 6,25% concedida na convenção 2009/2010, parcelada em três vezes. Além disso, o sindicalista reclama da precarização das condições de trabalho, com jornadas chegada a 10 horas diárias, sem intervalos previstos em lei, transporte inadequado, aumento no número de acidente no trabalho e choque térmicos devido a exposição excessiva nas Câmara Frias, além descumprimento de normas técnicas de saúde (NBR), com a ausência de técnico de segurança e medico de trabalho e ambulâncias.

Bons Lucros

No JBS-Friboi a receita líquida das empresas analisadas passou de R$ 14,1 bilhões em 2007 para R$ 30,3 bilhões no ano seguinte, um crescimento de 114,5%. Já a margem EBITDA também teve grande aumento entre 2007 e 2008, passando de R$ 0,6 bilhão para R$ 1,2 bilhão. A JBS superou assim o prejuízo acumulado em 2007, de R$ 165 milhões (resultado principalmente da aquisição de outras empresas), passando a ter um lucro líquido de R$ 26 milhões, mesmo com a manutenção de sua política de aquisições). O faturamento da empresa cresceu 115% e a distribuição de dividendos aumentou 192%, o total despendido com salários e encargos sociais aumentou 55%, passando de R$ 56 milhões em 2007 para R$ 86 milhões em 2008.

Já no Marfrid, a receita líquida atingiu R$ 6,2 bilhões, 86% superior aos R$ 3,3 bilhões registrados em 2007. A EBITDA (ou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou R$ 884,4 milhões em 2008, elevando-se em 133% em comparação com os R$ 380,2 milhões registrados em 2007. Ainda assim, a Marfrig apresentou prejuízo líquido em 2008 de -36 milhões. Tal resultado, contudo, é fruto da política de expansão e diversificação da empresa, sendo portanto reflexo da aquisição de outras empresas. Com isso, a empresa teve acesso a novos mercados e diversificou sua atuação em diferentes ramos do setor de carnes. As vendas cresceram tanto para o mercado interno (105%) quanto externo (58%).
No caso da Perdigão, que possuí uma unidade em Dourados, a receita líquida passou de R$ 6,6 bilhões em 2007 para R$ 11,4 em 2008, um incremento de 72%.
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