Juiz diz que Lei da Ficha Limpa surgiu na hora errada

Imagem: Carlos Alberto Garcete de Almeida disse que publicação da lei, no mês de junho de um ano eleitoral, criou insegurança jurídica.
Carlos Alberto Garcete de Almeida disse que publicação da lei, no mês de junho de um ano eleitoral, criou insegurança jurídica.
31/03/2011 - 15:23 Por: Paulo Fernandes    Foto: Roberto Higa

Com a experiência de quem foi juiz eleitoral das comarcas de Jardim, São Gabriel e Campo Grande, o magistrado Carlos Alberto Garcete de Almeida, auxiliar da vice presidência do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), avaliou que o STF (Supremo Tribunal Federal) acertou ao decidir que a Lei da Ficha Limpa só deverá ser aplicada às eleições de 2012. A palestra foi feita nesta tarde de quinta-feira (31/3), no VII Seminário de Vereadores, na Assembleia Legislativa.

Garcete lembrou do apelo popular pela aprovação da lei, mas disse que a publicação no mês de junho de um ano eleitoral criou uma insegurança jurídica.

"Não se pode ter um estado de insegurança numa lei. Tudo começou errado. A primeira falha foi a publicação no mês de junho de ano de eleição", disse.

O juiz de Direito lembrou que para o STF o artigo 16 da Constituição Federal, que fala do princípio da anualidade ou anterioridade, é uma cláusula pétria.

Carlos Alberto Garcete de Almeida afirmou que a discussão sobre a aplicabilidade retroativa da lei está encerrada com a decisão do STF.

Na semana passada, os ministros do STF decidiram que a Ficha Limpa não deve ser aplicada às eleições de 2010. O voto decisivo foi do ministro Luiz Fux, entendendo que mesmo a melhor das leis não pode ser aplicada contra a Constituição.

Com um ministro a menos, a votação estava empatada em 5 x 5. Os ministros avaliavam recurso do candidato a deputado estadual em Minas Gerais, Leonídio Correa Bouças, que teve seu registro negado com base nessa lei.

Em decisão preliminar, os ministros já haviam concordado que a decisão, sobre a inaplicabilidade da lei para 2010, teria repercussão geral, se aplicando a todos os demais recursos que versam sobre a lei.

O próximo palestrante do Seminário de Vereadores, que acontece até amanhã na Assembleia Legislativa, é o advogado André Luiz Borges Netto, membro do TRE/MS (Tribunal Regional Eleitoral). A palestra será sobre inegibilidade. O início da palestra está marcado para às 15h45 desta quinta-feira.
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