"É quase uma epidemia", diz psiquiatra sobre uso de drogas

Imagem: O psiquiatra forense Marcos Estevão alerta sociedade para o consumo desenfreado de drogas.
O psiquiatra forense Marcos Estevão alerta sociedade para o consumo desenfreado de drogas.
21/10/2011 - 16:27 Por: Talitha Moya    Foto: Giuliano Lopes

O uso de drogas está próximo de se tornar uma epidemia, segundo o psiquiatra forense Marcos Estevão dos Santos. Ele foi um dos participantes da audiência pública “O atendimento psicossocial e a saúde dos envolvidos com álcool e outras drogas”, que aconteceu nesta sexta-feira (21/10), na Assembleia Legislativa.

De acordo com Estevão, o consumo de drogas no Brasil chegou a níveis alarmantes. “Se dois milhões de usuários não é considerado uma epidemia eu já não sei, é bem preocupante se não for”, ressaltou. Na avaliação do psiquiatra, se os olhos continuarem fechados para a realidade, a tendência é que o consumo se alastre cada vez mais.

Sobre a legalização da maconha, Marcos se posiciona contrário à proposta debatida no País. Segundo ele, a droga traz transtornos e pode ser porta de entrada para o consumo de ilícitos mais agressivos. “A maconha não está ligada diretamente ao crime, mas é ligada ao crime da própria pessoa e mata os neurônios como a cocaína e outras drogas, portanto, colocá-la no mercado é permitir que a pessoa se mate aos poucos”, acrescentou.

Descriminalizar as drogas, de acordo com o promotor de Justiça Sérgio Fernando Harfouche, é “lavar as mãos para o problema”. Conforme ele, se a maconha fosse liberada, a questão da falta de tratamento para dependentes químicos iria piorar. “Os desafios se tornam cada vez mais graves se o consumo vai avançando”, afirmou.

Na ocasião, o promotor ressaltou a importância de fazer um levantamento do censo de jovens de 12 a 19 anos que são consumidores de drogas lícitas e ilícitas. “O poder público precisa saber quantos são esses usuários para então tomar providências”.

A professora Denise Souza e Silva, do Conselho Estadual Antidrogas, falou sobre a ausência de assistência aos dependentes químicos. Na opinião da conselheira, esse é um dos grandes problemas relacionados ao uso de drogas no País. “Faltam locais para atendimento, acolhimento, tratamento e reinserção social de pacientes”, reclamou. “As comunidades terapêuticas estão em situações precárias necessitando de ajuda”, mencionou.

Para fortalecer a rede de atendimento e ampliá-la, Denise enfatiza que é preciso efetivar a Política Pública de Álcool e Drogas, lançada em 2004 pelo Ministério da Saúde. “Nosso governo já está com a política pública em mãos. Nós somente sugerimos que seja efetivado o que já foi proposto e promulgado”, cobrou. “Queremos saber o que falta para que essa política seja colocada em prática e o que falta para essas pessoas serem atendidas”, reforçou a conselheira.
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