Permanecer na universidade é desafio na educação indígena

Imagem: Autoridades e índios debateram perspectivas da educação superior indígena.
Autoridades e índios debateram perspectivas da educação superior indígena.
11/11/2011 - 16:46 Por: Talitha Moya    Foto: Giuliano Lopes

A permanência dos acadêmicos índios nas universidades é o principal desafio na educação superior para os povos indígenas do Estado. A questão foi debatida em uma audiência pública promovida nesta sexta-feira (11/11) na Assembleia Legislativa. O encontro foi proposto pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT) em parceria com o Projeto de Rede de Saberes, programa de ajuda na formação acadêmica.

De acordo com o coordenador do Projeto Rede de Saberes e Programa Kaiowá Guarani, professor doutor Antonio Brand, Mato Grosso do Sul é o Estado com maior público de acadêmicos indígenas, com cerca de 800 índios matriculados. A presença deles nas universidades, segundo Brand, é uma esperança para que esses povos encontrem diálogo junto da sociedade e melhores condições de vida.

Se há dez anos, a reivindicação era pelo acesso ao ensino superior, hoje os indígenas encontram dificuldades para continuar os estudos. “Muitos abandonam o curso porque enfrentam situações extremamente difíceis, não somente de ordem financeira, mas relativas ao profundo preconceito que existe na sociedade”, levantou o professor.

Brand explica que os problemas que atingem os povos indígenas são frutos da atual política de desenvolvimento. “Os povos têm lidado com impasses profundos com a degradação de terras, além das inúmeras doenças e miséria”, afirmou.

A capacitação profissional por meio das universidades é, na opinião de Brand, o principal desafio dos povos indígenas. “Muitos projetos voltados para esse fim fracassaram e alguns deixaram resultados piores do que o anterior. Isso acontece porque não soubemos dialogar com conhecimento sobre e com os indígenas”, assegurou.

O indígena Luiz Eloy, que se formou em direito pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), falou das dificuldades dos índios para se manterem na educação superior. “A maioria não tem apoio e não consegue alcançar seu objetivo que é terminar o curso”, frisou. “O índio deve sim ser atendido por uma política pública especial que assegure a sua permanência na universidade”, ressaltou.

Segundo o deputado Pedro Kemp, apesar de o número de indígenas nas universidades ser expressivo, a luta está longe de terminar. “Avançamos, mas é preciso encontrar mecanismos para manter os acadêmicos índios nos estudos, seja por meio de bolsa permanência ou outro apoio”, reforçou. “A presença das etnias no ensino superior é importante para a troca de informações e cultura, e consequentemente, para o crescimento da educação”, resumiu.
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