Estrangulamento financeiro põe em risco Hospital Nosso Lar

A situação financeira do Hospital Nosso Lar, mantido pelo Centro Espírita Discípulos de Jesus, em Campo Grande, está insustentável e ameaça o fechamento de 40 leitos de psiquiatria, que atendem exclusivamente pacientes com dependência química. A diretora-técnica do hospital, Ana Carolina Ametlla Guimarães, esteve nesta quarta-feira (28/3), na Assembleia Legislativa, e expôs aos parlamentares informações sobre a realidade da instituição.

Segundo Ana Carolina, o hospital recebe um repasse de R$ 209 mil mensais do SUS (Sistema Único de Saúde), ou seja, a diária por paciente custa pouco mais de R$ 43, sendo considerada pelo Ministério da Saúde uma clínica conveniada. São 160 leitos, sendo 40 destinados aos pacientes com dependência química. Destes pacientes, 50% são da Capital e os outros 50% do interior do Estado.

“O déficit é de R$ 130 mil por mês. Com o repasse do Ministério da Saúde, mal conseguimos oferecer a alimentação. O fechamento dos 40 leitos seria um retrocesso, no entanto, se continuar desta forma não há outra saída, já que nos recusamos a oferecer um atendimento sem qualidade”, disse Ana Carolina.

De acordo com a diretora-técnica, o ideal seria R$ 81,00 a diária por paciente. Ela alerta que o fechamento dos leitos poderá gerar grande impacto negativo em Mato Grosso do Sul. “É assustador o aumento do número de dependentes de crack e nosso Estado tem apenas 83 leitos para tratamento de usuários de drogas por meio do SUS. Se fecharmos o pouco que tem, haverá consequência nas áreas de segurança pública, assistência social e educação”, ressaltou.

Correr contra o tempo - Na última segunda-feira, os deputados que compõem a Comissão de Saúde e Seguridade Social da Assembleia Legislativa visitaram o Hospital Nosso Lar. O presidente da comissão, deputado Lauro Davi (PSB), informou que medidas emergenciais serão tomadas para evitar o fechamento dos leitos.

“O objetivo agora é uma medida emergencial. Vamos concentrar esforços e buscar convênios junto ao governo do Estado, prefeituras municipais e Cassems [Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul]. Posteriormente, vamos continuar a gestão para que o assunto seja resolvido de forma definitiva”, explicou Lauro Davi.

A deputada Mara Caseiro (PTdoB) quer envolver a bancada federal nas discussões sobre o Nosso Lar. Para ela, a política nacional de enfrentamento às drogas não contempla MS. “As portarias do Ministério da Saúde excluem os únicos órgãos públicos que oferecem tratamento aos dependentes químicos em Mato Grosso do Sul. Isso é um absurdo. Essa política deveria atender a realidade local de cada Estado”, avaliou.