Comitê da Verdade apura casos da Ditadura Militar no Estado

Imagem: Comitê da Verdade e Comissão de Direitos Humanos da ALMS analisam supostos crimes do período da ditadura.
Comitê da Verdade e Comissão de Direitos Humanos da ALMS analisam supostos crimes do período da ditadura.
27/06/2012 - 16:35 Por: Talitha Moya    Foto: Roberto Higa

Uma reunião nesta quarta-feira (27/6), no plenarinho da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, levantou histórias de abusos e violência durante o período da ditadura militar registradas no Estado. Membros do Comitê Estadual pela Memória, Verdade e Justiça e o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa de Leis, deputado Laerte Tetila (PT), encaminharão os episódios para serem apurados pela Comissão Nacional da Verdade, em Brasília (DF).

Entre os fatos que deverão ser submetidos à comissão, segundo o advogado Lairson Rui Barbosa, estão a invasão do jornal O Democrata, ocorrida na Capital, e o caso Navio-Prisão, que manteve presos politicos em 1964 no município de Corumbá. “São casos que aconteceram no antigo sul de Mato Grosso e que pretendemos levar ao Congresso Nacional para que sejam apurados”, ressaltou Barbosa.

Na mesma época, de acordo com relatos, expulsões violentas por parte da repressão do governo militar ocorreram no antigo povoado de São Carlos, onde hoje é o município de Caracol. “No local, foi instalado um quartel general que teria coagido pessoas a deixarem o lugar”, acrescentou o advogado.

Ex-militante político, Lairson lembra que também foi vítima das violações do período ditatorial. “Éramos constantemente vigiados e tudo era motivo para perseguição”, conta. O advogado diz que, hoje, existem 30 mil processos referentes ao período da Ditadura Militar junto à Comissão de Anistia. Destes, mil são de casos ocorridos em Mato Grosso do Sul.

Análise - O objetivo do comitê, explica, é requerer uma análise apropriada e mais profunda dos fatos pela Comissão Nacional da Verdade. “Queremos contribuir com o nosso País e levantar o registro fiel desse período negro da nossa história. Nossa intenção é buscar a memória oficial dos casos e fazer justiça para que esses sul-mato-grossenses sejam reparados pelas violações que sofreram”, assegura Lairson.

Para o deputado Laerte Tetila, as apurações devem seguir até o fim de 2013. “Tanto o comitê quanto a comissão do Legislativo vão estar em sintonia para providenciar os encaminhamentos ao Congresso Nacional, no sentido de fazer com que a verdade venha à tona e reparar aqueles que tiveram a vida marcada pela ditadura”, afirmou.
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