"Estão cometendo um crime contra os pacientes com câncer”

O presidente do Sintss/MS (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul), Alexandre Junior Costa, classificou como um crime o fato de nenhum hospital público do Estado ter aceitado os equipamentos de radioterapia oferecidos pelo Ministério da Saúde. “É um absurdo, um crime que estão cometendo contra o paciente com câncer”, afirmou, nesta terça-feira (30/10), em discurso na Assembleia Legislativa.

Foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde cinco aparelhos de radioterapia para o Estado. O investimento é de R$ 34,3 milhões com a compra dos equipamentos, instalação e formação técnica dos operadores.

“O assunto é gravíssimo. Estão transformando o tratamento contra o câncer em um lucrativo negócio”, afirmou Alexandre Junior Costa. O MPF (Ministério Público Federal) apura o motivo da recusa do Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que seria o mais preparado para receber os equipamentos.

Há quatro anos, o HU deixou de fazer o tratamento de radioterapia. Hoje, em Mato Grosso do Sul, o tratamento de radioterapia é feito apenas na iniciativa privada. “A Santa Casa e o Hospital Universitário se deram ao luxo de recusar”, critica Alexandre Junior Costa. O Hospital Regional ainda não se pronunciou.

Recentemente, o tratamento de radioterapia feito pelo Hospital do Câncer em Campo Grande chegou a ficar interrompido por 38 dias. Uma peça da câmara de ionização queimou após o temporal do dia 21 de setembro e cerca de 60 pessoas deixaram de ser atendidas diariamente.

Pelo SUS (Sistema Único de Saúde) há uma fila de espera com mais de 200 pessoas diagnosticadas com câncer. Elas são obrigadas a esperar, apesar da necessidade de tratamento imediato.

Nesta terça-feira (30/10), às 15h, o presidente do Sintss/MS irá protocolar no Ministério Público o abaixo-assinado com 800 assinaturas pedindo que o HU aceite o equipamento. Esse documento é resultado da campanha do Sintss “Aceita HU”, no Facebook, que recebeu o apoio da população sul-mato-grossense e já angariou 800 assinaturas. “Estamos defendendo um serviço público de qualidade”, disse Alexandre Junior Costa.

O MPF ajuizou uma ação e a Justiça Federal de Campo Grande determinou, liminarmente (decisão provisória), que o HU aceite os recursos do Ministério da Saúde para a reativação da radioterapia no hospital.