Impedida de fazer Enem, índia denuncia discriminação

Imagem: Lúcia Duarte alega que fato aconteceu devido à discriminação da fiscal.
Lúcia Duarte alega que fato aconteceu devido à discriminação da fiscal.
08/11/2012 - 11:10 Por: Heloíse Gimenes    Foto: Giuliano Lopes

A índia Lúcia Duarte, de 40 anos, traz à memória um sonho interrompido. Há cinco dias, ao entrar na sala de aula da Escola Municipal Rachid Saldanha Derzi, foi impedida pela fiscal de fazer as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A carteira indígena, expedida pelo Ministério da Justiça, não foi aceita. Ela esteve na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (8/11) e recebeu a solidariedade dos deputados Laerte Tetila (PT) e Zé Teixeira (DEM).

“Sonho em fazer o curso de Letras. Estava cheia de expectativas, quando tive meus sonhos interrompidos. Não acredito que foi desconhecimento da fiscal, o que aconteceu foi discriminação”, desabafou Lúcia, que é da etnia Kaiowá.

Na tribuna, o deputado Tetila informou que a carteira indígena não tem sido aceita em várias instituições. “O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal não aceitam a carteira indígena. Por que o Ministério da Justiça expede um documento que não tem validade?”, indagou o parlamentar, prometendo que irá questionar o Governo Federal.

Zé Teixeira não concorda que os índios tenham uma carteira diferenciada. “Já é um ato discriminatório, afinal somos todos iguais perante a lei. A carteira de identidade deveria ser a mesma. Foi no mínimo constrangedor essa índia ter sido impedida de ter fazer o Enem”, defendeu.

Lúcia Duarte irá denunciar o fato na Delegacia de Polícia Civil. Tetila encaminhará um documento ao Ministério da Justiça para evitar que novos fatos como este aconteçam.
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