Comissão integrada por deputados busca solução para conflitos
Discussão em torno de uma solução para dar fim aos conflitos envolvendo índios e ruralistas aconteceu na sala da Presidência.
12/11/2012 - 17:55
Por: Talitha Moya
Foto: Wagner Guimarães
De acordo com Marco Antônio Delfino de Almeida, Procurador da República em Dourados, cálculos feitos pelo MPF (Ministério Público Federal) estimam que seriam necessários pelo menos R$ 150 milhões para indenizar a desapropriação de cerca de 10 mil hectares de terras. “Essa busca de recursos deverá ser efetivada por meio de emendas políticas, de comissão ou de bancada, porém o ambiente e toda a conjuntura já são favoráveis para chegarmos a uma solução”, afirmou.
Cotado para presidir o grupo formado por senadores e deputados federais, o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) ressaltou que a questão financeira é o único entrave na busca de solução para demarcação das áreas indígenas. “Solução jurídica já existe, porém Mato Grosso do Sul convive com esse impasse em razão da indenização dos produtores e isso terá que ser feito. Contudo, os valores não são pequenos e estão próximos de R$ 1 bilhão de reais”, frisou.
Além dos deputados estaduais, a comissão contará com a participação de representantes do Governo do Estado, Funai (Fundação Nacional do Índio), MPF, MPE (Ministério Público Estadual), Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Acrissul (Associação de Criadores de MS), Justiça Federal, OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil de MS) e ainda representantes indígenas.
Para o presidente da Famasul, Eduardo Corrêa Riedel, a iniciativa dos deputados de reunir representantes políticos, ruralistas e indígenas para discutir os conflitos foi extremamente positiva. “Essa situação de guerra não pode se tornar permanente. Acho que estamos todos convergentes na busca de um caminho e avançando nessa discussão, porém não existe solução sem recursos para a compra de áreas”, salientou.
Fepati - O deputado estadual Laerte Tetila, vice-líder do PT, defendeu a efetivação do Fepati (Fundo para Aquisição de Terras Indígenas), criado em 2011 por meio de uma lei de sua autoria. Na opinião do parlamentar, as disputas de terras têm prejudicado a economia do Estado. “Com essa incerteza que paira sobre nossas terras, quem vai querer investir por aqui?”, questionou.
A indenização dos proprietários rurais com posse de terra legitimada por lei é mais do que justa e necessária para dar fim ao impasse, na avaliação de Samia Roges Jordy Barbieri, presidente da Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB/MS. Ela acredita que as comissões formadas na Assembleia Legislativa serão de grande valia para resolver o impasse. “Eu creio no que vi hoje aqui. Todos estão empenhados na questão. Afinal, será que não temos como resolver um problema de apenas 0,3% da população?”, perguntou, se referindo ao índice da população indígena no Estado.
O deputado Pedro Kemp, líder do PT, se mostrou satisfeito com a reunião e destacou que a articulação das entidades e representantes rurais e indígenas deverá sensibilizar o Governo Federal para uma solução. “Essa discussão foi extremamente positiva. Todos os lados estão interessados em dar fim a esse processo que se estende por anos. Os produtores têm se mostrado totalmente abertos em resolver e aceitam negociar a compensação”, informou.
Para o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jerson Domingos (PMDB), o debate deve transcender ideologias partidárias. “Inicia-se aqui uma vontade política de chegar a uma solução. É o momento de deixarmos de lado a vaidade e questões de partidos para evitar os conflitos e o derramamento de sangue. A solução é simples, temos que correr atrás”, disse o peemedebista em relação à busca de recursos para demarcação das terras indígenas.
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Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.
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