Hospitais poderão oferecer atendimento dentário a pacientes

Imagem: Arroyo apresentou proposta que inclui dentistas em equipes multiprofissionais de hospitais em MS.
Arroyo apresentou proposta que inclui dentistas em equipes multiprofissionais de hospitais em MS.
26/03/2013 - 17:08 Por: Nathália Barros    Foto: Giuliano Lopes

É por ela que o corpo é alimentado, o amor é selado e a alegria extravasada. Mas, é na boca, também, que 800 bactérias dividem o espaço. Portanto, a falta de cuidados pode representar o começo de uma série de problemas, como o surgimento de doenças sérias no coração, por exemplo.

No caso de quem já está debilitado e passa por tratamento de saúde em unidade hospitalar, os cuidados com a boca são reduzidos e os riscos de piora no quadro clinico potencializados.

Presidente da Comissão de Odontologia Hospitalar do CRO/MS (Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso do Sul), Juliana Santiago Setti explica que “consta na literatura casos de pacientes que passaram por cirurgia cardíaca bem sucedida. Entretanto, com a presença de algumas doenças periodontais, as bactérias se alojaram na válvula do coração e provocaram endocardite infecciosa. Com isso, outra cirurgia precisou ser feita. Processo que acaba provocando incômodo ao paciente e acarretando mais gastos. Mas, vale lembrar que este é apenas um exemplo de uma gama infinita de doenças que podem surgir pela falta de higiene bucal”.

Na intenção de possibilitar uma melhora na qualidade de sobrevida do paciente com a diminuição do risco de infecção, reduzindo o tempo de internação e o uso de medicamentos, além de garantir uma considerável diminuição nos custeios hospitalares, o deputado estadual Antônio Carlos Arroyo (PR) apresentou na sessão desta terça-feira (26/3) o projeto que obriga as instituições hospitalares a oferecer cirurgiões-dentistas nas equipes multiprofissionais.

Com a medida, UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), CTIs (Centros de Terapia Intensiva), enfermarias, quartos particulares e centro cirúrgicos, devem contar com profissionais da área. “Atualmente, além dos médicos, as equipes multiprofissionais têm nutricionista, enfermeiros, farmacêuticos, entre outros. Tenho certeza de que a inclusão de dentistas capacitados só irá somar”, avalia Arroyo.

Com a medida, o cirurgião-dentista, no âmbito hospitalar, exercerá um papel decisivo para a diminuição das infecções, ao reduzir bactérias presentes na cavidade bucal, que levam ao acometimento de doenças. Eles ainda ficarão responsáveis por procedimentos comuns, como limpeza dos dentes, língua e aplicação de flúor. As emergências, como dores de dente, sangramentos e feridas, também serão atendidas pelos dentistas.

“Apesar de, num primeiro momento, a inclusão do profissional representar o aumento dos gastos para os hospitais, nós temos certeza de que deve promover economias para a unidade. Para que as pessoas consigam visualizar, eu costumo usar como exemplo um estudo realizado nos Estados Unidos. Lá, descobriu-se que grande parte dos pacientes sem higiene bucal contraíram um tipo de pneumonia conhecida como PAV. Para o tratamento da doença de um único paciente, foi necessário investir cerca de R$ 80 mil reais. No Brasil a história se repete, portanto, o investimento em profissionais deve sim representar economia”, defende Juliana Setti

Projeto semelhante foi promulgado recentemente pela Câmara Municipal de Campo Grande, entretanto “este projeto é mais abrangente do que a lei municipal, pois torna obrigatória a presença de um cirurgião-dentista nas equipes de multiprofissionais em todo ambiente hospitalar e não só nas UTIS". "Com isso, o atendimento preventivo e de emergência deve ser realizado nos pacientes de todos os hospitais de Mato Grosso do Sul”, garante Arroyo.
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