Deputados estaduais debatem esquema criminoso na saúde

Imagem: Parlamentares estão indignados com a situação da saúde em Campo Grande.
Parlamentares estão indignados com a situação da saúde em Campo Grande.
07/05/2013 - 13:03 Por: Paulo Fernandes    Foto: Giuliano Lopes

A reportagem feita pelo Fantástico sobre irregularidades no Hospital do Câncer e no Hospital Universitário, em Campo Grande, e as descobertas feitas pela Operação Sangue Frio, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a CGU (Controladoria Geral da União), marcaram os debates nesta terça-feira (7/5), na Assembleia Legislativa.

Membro da Comissão de Saúde e Seguridade Social, o deputado estadual Lauro Davi (PSB) lembrou que a terceirização dos serviços de saúde em Mato Grosso do Sul será tema de uma audiência pública na Assembleia Legislativa, na quinta-feira (9/5), a partir das 14h.

Lauro Davi disse que apenas “a ponta do iceberg” dos problemas relacionados à gestão da saúde pública veio à tona. “Não podemos nos contentar aqui com a investigação apenas no Hospital do Câncer e no Hospital Universitário. Os problemas de corrupção estão em vários hospitais”, declarou.

O 2º secretário da Assembleia Legislativa, deputado Pedro Kemp (PT), ressaltou que está indignado com informações como a de uma ex-funcionária do Hospital do Câncer que declarou, na reportagem do Fantástico, que para não gastar com pacientes que supostamente estavam morrendo, não eram fornecidos corretamente os medicamentos para combater a doença. Muitas vezes, o remédio receitado era trocado, mas não por ordem do médico e sim pelo setor administrativo do hospital.

“O que causa indignação é ver pessoas com câncer fazendo tratamento e uma pessoa falando: ‘vai morrer mesmo, coloca um sorinho’. E outra dizendo: ‘na, na, ni, na, não. Custa muito caro’. Caro é a vida de uma pessoa. Eu imagino as famílias de quem morreu com câncer assistindo na TV e pensando: ‘será que eles deram só um sorinho?’. Esses médicos enganaram todo mundo. São criminosos”, afirmou.

Para Kemp, a vinda do ministro da Saúde a Campo Grande reflete a preocupação dele com as denúncias. O parlamentar lembrou que os problemas foram levantados no ano passado quando o Hospital Universitário se recusou a receber aparelhos de radioterapia doados pelo Ministério da Saúde.

Amarildo Cruz (PT) também falou sobre o assunto na tribuna. Ele afirmou que alguns profissionais estão “brincando de saúde” e declarou ser preciso questionar “porque o SUS [Sistema Único de Saúde] destina 70% dos recursos para a rede privada em Mato Grosso do Sul”. “Isso nós temos que discutir na audiência pública”, destacou.
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