CPI fiscaliza seis unidades de saúde em Campo Grande

Imagem: Deputados Amarildo Cruz e Junior Mochi, integrantes da CPI da Saúde, visitam unidades de saúde em Campo Grande.
Deputados Amarildo Cruz e Junior Mochi, integrantes da CPI da Saúde, visitam unidades de saúde em Campo Grande.
23/07/2013 - 16:18 Por: Alessandro Perin    Foto: Roberto Higa

Os deputados estaduais Amarildo Cruz (PT) e Junior Mochi (PMDB), integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde, visitaram na manhã de hoje (23/7) o Centro Regional de Saúde Nova Bahia (Dr. Guinter Hans), a Unidade Básica de Saúde do Nova Bahia, a Unidade de Pronto Atendimento do Coronel Antonino (Dr. Walfrido Azambuja de Arruda), o Centro Regional de Saúde das Moreninhas III (Dr. Marcílio de Oliveira Lima), o Centro Regional de Saúde do Aero Rancho (Dr. João Pereira da Rosa) e a Central de Regulação do Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência).

As visitas fazem parte das ações de investigações da CPI da Saúde da Assembleia Legislativa, que apura possíveis irregularidades nos repasses do SUS (Sistema Único de Saúde) para 11 municípios de Mato Grosso do Sul.

Às 6, os parlamentares estiveram no Centro Regional de Saúde Nova Bahia. Ao conhecer toda a unidade, eles foram comunicados sobre a falta de pediatras durante o dia, a pouca estrutura para atender pacientes psiquiátricos e a ausência do monitor respiratório.

Os funcionários do centro relataram ainda que 12 clínicos gerais atendem a população nos três períodos do dia, mas que o pediatra só trabalha no local durante a noite.

Já na Unidade Básica de Saúde do Nova Bahia, que fica no mesmo prédio do Centro Regional, os parlamentares constataram que o atendimento está sendo feito por duas enfermeiras e somente no período diurno.

Depois, Amarildo e Mochi foram à Unidade de Pronto Atendimento do Coronel Antonino, onde encontraram uma realidade totalmente diferente. Lá, foram informados que o local conta diariamente com sete clínicos gerais e cinco pediatras, que atendem mais de mil pessoas todos os dias.

Porém, conforme os funcionários do Coronel Antonino, apesar do bom número de profissionais, o local precisa de mais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. A unidade possui equipamentos novos, que inclusive possibilitam a realização de exames de raio-x e de ultrassom. O único problema constatado foi que médicos deixam a unidade na sexta-feira a tarde para fazer curso preparatório.

Em seguida, os parlamentares foram ao Centro Regional de Saúde das Moreninhas III, onde encontraram uma situação caótica, pois o prédio é bastante antigo e oferece poucas condições para o atendimento médico dos moradores da região. Os pediatras atendem apenas de segunda a quinta-feira e o atendimento aos pacientes psiquiátricos está comprometido.

As pessoas são obrigadas a aguardar o atendimento na área externa da unidade, ficando, desta forma, expostas ao vento e às baixas temperaturas, como aconteceu na manhã de hoje. Além disso, os deputados foram informados pelos funcionários do centro que o local não recebe investimentos porque as autoridades alegam que ao lado do prédio está sendo concluída a Unidade de Pronto Atendimento das Moreninhas.

Diante do exposto, Amarildo e Mochi foram conhecer o novo prédio e ficaram surpresos com o que viram. Trata-se de uma grande estrutura, que inclusive poderia virar um hospital, mas que está completamente vazia e já em processo inicial de degradação. Os deputados decidiram, então, solicitar explicações à Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande sobre os motivos pelos quais a unidade ainda não está funcionando, uma vez que a obra já deveria ter sido entregue à população há pelo menos um ano.

Amarildo e Mochi ainda foram conhecer a Central de Regulação do Samu, pois havia denúncias de sucateamento de viaturas. Porém, ficou comprovado que a estrutura e as viaturas estão em ótimas condições.

O coordenador do Samu em Campo Grande, Luiz Antonio Moreira da Costa, afirmou aos deputados que hoje a frota na Capital é de 20 viaturas. “Sete deles ficam de reserva para substituir alguma que possa apresentar problema mecânico. Atendemos em média 200 pessoas por dia. O plantão diário conta com sete médicos, cinco enfermeiros, 10 técnicos de enfermagem e 13 motoristas", explicou, ressaltando que o Samu também atende nos municípios de Sidrolândia, Terenos e Ribas do Rio Pardo.

Por fim, os deputados foram conhecer o Centro Regional de Saúde Aero Rancho. Funcionários relataram que o local está com falta de colchões para atender pacientes e para o repouso dos profissionais que lá trabalham.

Foram relatados ainda problemas com janelas emperradas, buracos de aparelhos de ar-condicionado que não foram tampados, colchões estragados jogados no pátio e que deveriam ter sido recolhidos pela prefeitura. Todavia, um dos maiores problemas é a falta de equipamento desfibrilador.

A unidade sofre também com a falta de pediatras. O serviço médico só é oferecido de quinta-feira a domingo, no período noturno. Os servidores também reclamam da comida fornecida pela empresa contratada pela prefeitura. Eles alegam que para ter uma alimentação de qualidade precisam comprar marmita e pagar do próprio bolso.

Após as visitas, os deputados decidiram que irão pedir uma série de documentos para a Secretaria Municipal de Saúde, entre eles os que comprovam as escalas dos médicos nos postos de saúde, informações sobre equipamentos e a falta de colchões e explicações sobre os problemas encontrados na unidade das Moreninhas.

Para o deputado Amarildo Cruz, presidente da CPI, as visitas foram bastante satisfatórias. “Nós conseguimos ouvir os funcionários das unidades de saúde e os usuários do sistema de saúde. Constatamos vários problemas que farão parte do nosso relatório. Queremos saber o que pode ser mudado para melhorar o atendimento à população. A CPI quer apontar algumas sugestões de mudanças para o nosso Estado”, comentou.

Segundo Amarildo, os problemas identificados hoje são praticamente os mesmos em todas as unidades de saúde visitadas. “A falta de pediatras ocorre em praticamente todas as unidades. Vamos propor mudanças na escala de trabalho para fazer uma melhor distribuição desses profissionais. Queremos mais médicos para atender a população”, finalizou.

Já o relator da CPI da Saúde, deputado Junior Mochi, disse que as visitas foram necessárias porque só assim os parlamentares têm condições de conhecer melhor o atendimento que está sendo oferecido nesses locais. “É só desta maneira que é possível conhecer realidades diferentes dentro da mesma estrutura de saúde. Temos que elogiar o Samu e a UPA da Coronel Antonino, mas por outro lado temos que lamentar pelas condições do Centro Regional de Saúde das Moreninhas”, ressaltou.

Em relação à obra da UPA das Moreninhas que está parada, Mochi disse que quem sai perdendo com isso é a população. “Uma grande construção que está sem finalização. Vamos fazer esse questionamento à Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande. A obra está parada e hoje vimos pessoas precisando de ajuda que estão se sujeitando passar frio em frente à unidade de saúde para conseguir um atendimento médico”, pontuou.
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