CPI constata que UPA não funciona por falta de especialistas

Imagem: CPI realizou oitiva na Câmara Municipal de Três Lagoas.
CPI realizou oitiva na Câmara Municipal de Três Lagoas.
20/08/2013 - 18:53 Por: Alessandro Perin    Foto: Gleice Carpi

A falta de médicos especialistas em Três Lagoas foi um dos principais problemas constatados durante a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa no município. A situação é tão grave que a prefeitura não conseguiu inaugurar uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), concluída há quase dois anos, por falta de clínicos gerais e pediatras.

Segundo a secretária municipal de Saúde, Eliane Cristina Figueiredo Brilhante, uma portaria do Ministério da Saúde determina a exigência de clínicos gerais e pediatras por plantão para a abertura da UPA. “A nossa maior dificuldade é encontrar os especialistas para trabalhar, tanto é que a Unidade de Pronto Atendimento não está funcionando por falta de profissionais capacitados. Também temos dificuldades com neurologista, endocrinologista e urologista. Hoje os médicos não querem mais receber com base na tabela do SUS [Sistema Único de Saúde], que paga R$ 10,00 por consulta”, comentou.

Os deputados questionaram Eliane sobre denúncia feita no e-mail da CPI da Saúde em MS, a qual destaca que a prefeitura terceirizou o serviço de mamografia no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, sendo que a Secretaria Municipal de Saúde possui o equipamento. Conforme a secretária, o aparelho pertencente ao município está obsoleto. “É um aparelho bastante antigo, que inclusive não tem peça de reposição quando estraga e que tem péssima qualidade da resolutividade dos exames. Decidimos pela licitação até recebermos o nosso aparelho de mamografia, que foi ganho em uma ação judicial contra a Petrobras”, finalizou.

Por fim, os parlamentares questionaram se ela teria participado de alguma reunião com a ex-secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, para discutir a ida de um aparelho acelerador linear para Três Lagoas. “Nunca me reuni com Beatriz Dobashi para discutir esse assunto”, ressaltou.

Outro depoente foi o ex-secretário municipal de Saúde, Sérgio Luiz dos Santos Geremias, que comandou a pasta durante nove meses. No seu ponto de vista a principal dificuldade do gestor público é a má gestão dos recursos. “Tem muita falta de planejamento na aplicação dos recursos em todo o país. É necessário destacar que a população tem que ser educada, pois não tem a preocupação de cuidar da sua saúde. Fiz o possível durante o período que comandei a pasta, mas encontrei muitos entreves burocráticos que atrasavam em alguns casos o andamento dos trabalhos”, informou.

Carga horária - Os deputados constataram durante o depoimento de Sérgio Luiz dos Santos Geremias que a prefeitura de Três Lagoas também tem se empenhado para fazer com que os médicos cumpram a carga horária no plantão. “Os médicos não cumprem a carga horária integral, e como tínhamos dificuldades de profissionais, éramos obrigados aceitar essa situação”, falou.

A diretora-geral do Hospital Auxiliadora, irmã Aurélia Briaschi, a ex-diretora da unidade, irmã Elvanir Dorneles Nogueira, também foram ouvidas na CPI da Saúde. “Foi feito um levantamento e decidimos pela gestão compartilhada. Essa foi a única maneira encontrada para se fazer uma nova contratualização que se fazia necessária. Também nunca tomamos conhecimento da intenção de doação de equipamento de oncologia para o hospital”, ressaltaram.

Aos deputados, o ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde, Alex Sandro Ribeiro Cardoso disse que sua grande missão foi acompanhar o processo de contratualização do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. “Sempre exercemos nossa função e conseguimos desempenhar nosso trabalho. Fizemos questão de acompanhar o debate sobre essa contratualização, sempre ao lado do Ministério Público Estadual. Estamos brigando neste momento para a implantação de um conselho local dentro do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora” , ressaltou.

Para finalizar, os deputados ouviram o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Edson Aparecido de Queiroz, o qual destacou que hoje a entidade tem um bom relacionamento com a prefeitura de Três Lagoas.

Conforme o deputado estadual Amarildo Cruz (PT), presidente da CPI da Saúde, a reunião em Três Lagoas foi positiva, pois vários problemas foram levantados e que serão investigados pelos parlamentares.
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