Em Naviraí, CPI detecta que médicos cumprem carga horária

Imagem: Deputados durante visita ao Centro de Especialidades Médicas.
Deputados durante visita ao Centro de Especialidades Médicas.
26/08/2013 - 21:38 Por: Alessandro Perin    Foto: Alessandro Perin

Os deputados estaduais que integram a CPI da Saúde da Assembleia Legislativa constataram durante reunião no município de Naviraí, nesta segunda-feira (26/8), que os médicos cumprem a carga horária determinada pelo contrato. A informação foi fornecida pela gerente municipal de Saúde, Anaelize Andrade Filho, e pela ex-responsável pela pasta, Maria Cristina Tezolini Gradella.

Anaelize e Maria Cristina garantiram categoricamente aos parlamentares que não têm dificuldades para manter os médicos nas unidades de saúde. “A carga horária é cumprida porque os médicos que trabalham nas equipes de saúde da família não desempenham suas funções em outras unidades do município. Para isso, recebem salário superior a R$ 11,4 mil mensais”, esclareceram.

A declaração chamou a atenção dos deputados, que, inclusive, solicitaram informações sobre o sistema de controle desses profissionais. “Essa informação é surpreendente, pois em todos os municípios onde estivemos a reclamação é de que os médicos não cumprem a carga horária. Precisamos levar esse projeto para as outras localidades”, disse o deputado Amarildo Cruz (PT), presidente da CPI.

No entanto, durante diligências, os deputados constataram que o prédio do novo pronto socorro e ambulatório do Hospital Municipal de Naviraí ainda não estão funcionando porque, no momento da licitação da obra, os responsáveis pelo projeto esqueceram de planejar o portão de entrada da unidade. “A licitação não previa muro, calçada e grama. A obra já foi entregue, mas não pode ser inaugurada, pois os pacientes não têm por onde entrar. Agora a prefeitura fez nova licitação para colocar a grade e liberar o local para atender a população”, comentou Maria Cristina.

Segundo ela, durante sua gestão ficou comprovado que o município tem dois grandes problemas: demandas judiciais e a distância dos grandes centros médicos. “São muitas as solicitações de medicamentos por meio de ações judiciais. Outra dificuldade é a distância. Os pacientes sofrem demais quando precisam buscar ajuda médica nas outras localidades, o que também onera os cofres públicos. Hoje temos pacientes que fazem hemodiálise três vezes por semana em Ponta Porã. Durante a minha gestão a prefeitura investia cerca de 22% dos seus recursos na saúde”, falou Maria Cristina.

Já Anaelize disse que assumiu a pasta há pouco tempo, mas que já tomou medidas para resolver alguns problemas da saúde local. “Estamos adquirindo cadeiras de rodas e contratando mais pessoas para trabalhar. Também encontramos unidades com apenas uma porta, sendo que o necessário são duas. A nova direção do Hospital Municipal fez todo o levantamento para uma reforma e aquisição de equipamentos que já estão sendo providenciados”, esclareceu.

Os parlamentares questionaram Anaelize sobre denúncias de que a prefeitura estava com falta de veículos para atender pacientes. “Temos seis veículos, mas precisamos de mais. Está sendo feito um estudo para locação de dez veículos no valor de R$ 3 mil cada um. Para aquisição de novos veículos são necessários R$ 680 mil, mas a prefeitura não tem o recurso”, afirmou.

Os parlamentares ouviram também o ex-diretor do Hospital Municipal, Edivan Thiago de Barros Barbosa; o ex-prefeito Zelmo de Brida; o presidente do Conselho Municipal de Saúde, José Pereira da Silva, e o ex-responsável pela entidade, Aníbal da Silva Bezerra. O atual prefeito Leandro Peres de Matos também seria ouvido pela CPI da Saúde, mas por motivos particulares não pode participar, porém solicitou que uma nova data fosse agendada para que preste depoimento.

A diretora-geral do Hospital Municipal, Renata Sena Moraes Ervatini, disse que está há 50 dias no cargo e reclama dos valores repassados à entidade. “Acho que Naviraí está sendo discriminada pela Secretaria Estadual de Saúde. Tem muito hospital menor que recebe mais recursos do que o de Naviraí. Acho que o financiamento é pouco. Até agora só recebemos R$ 400 mil para aquisição de equipamentos”, finalizou.

Para o deputado Junior Mochi (PMDB), relator da comissão, assim como em outros municípios, a reunião da CPI da Saúde em Naviraí mostra o panorama da saúde na cidade. “Mais uma vez o objetivo foi cumprido, pois conseguimos subsídios para a elaboração do relatório final”, comentou.

Conforme o deputado Lauro Davi (PSB), vice-presidente da CPI, a estrutura da saúde do Conesul, tendo como regional a cidade de Naviraí, mesmo sendo um polo de grande densidade populacional possui problemas idênticos às regionais que já foram visitadas pelos parlamentares.

Segundo o deputado Onevan de Matos (PSDB), membro da comissão, a audiência foi bastante produtiva. “Foi importante no sentido do conhecimento da forma do funcionamento da saúde no município e das falhas que detectamos na operacionalização desse sistema”, ressaltou.

Visitas - Amarildo e Onevan visitaram dois centros de especialidades médicas, um centro de especialidades odontológicas e o Hospital Municipal. O objetivo foi conhecer as estruturas desses locais e como é o serviço de saúde oferecido à população.

O primeiro local visitado foi o Centro de Especialidades Médicas de Naviraí, localizado na área central da cidade. Depois os parlamentares conheceram o Centro de Especialidades Odontológicas. Mais de 300 pessoas são atendidas por dia nessas unidades. Os deputados foram informados por funcionários de que a cidade não tem aparelhos para hemodiálise e os pacientes precisam ser encaminhados para Dourados e Ponta Porã. Com relação à ortopedia, os pacientes muitas das vezes são enviados para Corumbá.

Em seguida, os deputados foram ao Centro de Especialidades Médicas do bairro Varjão, que atende pelo menos 280 pessoas por dia. Por fim, estiveram no Hospital Municipal, com capacidade de 300 atendimentos diariamente.

Os integrantes da comissão encontraram vários problemas, como uma janela quebrada e rachaduras em uma porta. Alguns pacientes relataram que faltavam cortinas e lençóis na unidade hospitalar. Os parlamentares também tiveram a oportunidade de conhecer o prédio anexo ao hospital, onde funcionará o pronto socorro e o ambulatório, e que deve ser inaugurado no prazo de 60 dias, depois da construção do portão de entrada da unidade que não foi previsto na licitação.

Na ocasião, foi informado aos parlamentares que uma unidade de hemodiálise deve começar a ser construída nos próximos meses perto do Hospital Municipal de Naviraí, que vai resolver o problema das viagens desses pacientes para outras localidades.
Permitida a reprodução do texto, desde que contenha a assinatura Agência ALEMS.
Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.