Enfermeiros acumulam funções médicas e Saúde é prejudicada

Imagem: CPI da Saúde interroga presidente do Coren/MS, enfermeira Amarilis Scudellari.
CPI da Saúde interroga presidente do Coren/MS, enfermeira Amarilis Scudellari.
30/09/2013 - 18:53 Por: Nathália Barros    Foto: Roberto Higa

Durante a oitiva da CPI da Saúde, realizada nesta segunda-feira (30/9), no plenário da Casa de Leis, os deputados que integram a comissão ouviram, além do diretor do HU (Hospital Universitário) de Dourados, Edson Desiderio Fernandes, a presidente do Coren/MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Amarilis Pereira Amaral Scudellari.

Amarilis aproveitou a oportunidade para falar sobre as dificuldades enfrentadas pela categoria. Um dos problemas destacados pela representante diz respeito à falta de investimentos no seguimento.

“Nos hospitais, as equipes são deficientes e há falta de profissionais. É comum encontrarmos, durante nossas fiscalizações, enfermeiros, técnicos ou auxiliares exercendo atividades relativas aos médicos, como o preenchimento de documentos”, aponta, ressaltando que o conselho luta para acabar com a subordinação de enfermeiros a médicos, defendendo que técnicos e auxiliares devem se subordinar apenas a enfermeiros.

De acordo com a presidente do Coren/MS, a falta de enfermeiros é tão grave que em muitos casos os familiares dos pacientes internados assumem o papel desses profissionais. “Há vários casos em que o acompanhante faz o serviço do enfermeiro, dando banho e alimentando o paciente, porque faltam profissionais”, esclareceu.

Prejuízo – A presidente do conselho apresentou aos membros da CPI os reflexos negativos que a falta de profissionais de enfermagem acarretam para a saúde pública. Ela ainda conta que, por dia, um profissional de enfermagem, atende de 100 a 200 pacientes. Como ficam sobrecarregados, muitos profissionais ou esquecem de fazer alguns relatórios de atendimento, ou deixam de especificar corretamente o atendimento prestado. Com isso, o gestor deixa de ganhar.

“Para cada procedimento, o SUS [Sistema Único de Saúde] paga um valor. Se o enfermeiro faz, por exemplo, um curativo de alta complexidade em um queimado e registra a realização de um curativo simples, o município acaba recebendo menos do que o custo do procedimento”, explicou.

Hospital Universitário - O diretor-geral do HU de Dourados, Edson Desiderio Fernandes, destacou a assinatura firmada entre a UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

A empresa estatal, juntamente com a UFGD, passam a administrar conjuntamente o HU de Dourados por 12 meses. Após esse período, a empresa assume totalmente a administração do hospital.

“A parceria permitira a troca de, praticamente, todo nosso parque tecnológico e teremos, também, a oportunidade de contratar mais servidores, todos celetistas, a partir do mês de novembro desse ano. Com isso, o quadro de colaboradores aumentará em pelo menos 30%”, divulgou.

Recursos - Questionado pelo presidente da comissão, deputado estadual Amarildo Cruz (PT), sobre a recusa de internações e demora para a realização de exames, problemas apontados pelo atual secretário de Saúde de Dourados, Sebastião Nogueira, durante oitiva realizada naquele município no dia 24 de junho, o diretor defendeu que, se hoje a estrutura não atende toda a população, é porque necessita de mais recursos.

“Temos 178 leitos e estamos acertando uma nova contratualização para chegar aos 214. Trabalhamos com até 95% da capacidade do hospital. O HU tem um índice de aprovação dos usuários de quase 82%”, defendeu.

Edson Desiderio aproveitou para expor números que ressaltam as dificuldades financeiras enfrentadas pela unidade. “Hoje, a unidade recebe mensalmente cerca de R$ 200 mil da prefeitura, R$ 300 mil do Governo do Estado e R$ 2,3 milhões da União, mas o custo mensal para manter o local é de R$ 7 milhões. O Ministério da Educação tem ajudado a arcar com o restante das despesas e em alguns casos a universidade faz empréstimos para saldar as dívidas”.


Próxima oitiva - Na próxima quinta-feira (3/10) os deputados ouvem o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando de Souza Terena, e o coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena, Nelson Carmelo. A oitiva vai acontecer a partir das 14h, na Assembleia Legislativa.

"Como os assuntos indígenas são de competência exclusiva da União, abriremos um capítulo especial no relatório para tratar sobre isso", garantiu o relator da CPI da Saúde, deputado Junior Mochi (PMDB).
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