Grupo busca soluções para problemas enfrentados por indígenas

Imagem: Grupo debate soluções para situação vivida por comunidades indígenas de MS.
Grupo debate soluções para situação vivida por comunidades indígenas de MS.
07/11/2013 - 17:23 Por: Nathália Barros    Foto: Roberto Higa

Passados três meses, a ONG internacional Açúcar-Ético, produtores, indígenas e empresários do setor sucroenergético, voltaram a se reunir nesta quinta-feira (7/11) no plenarinho da Casa de leis.

O objetivo do grupo é melhorar as condições sociais e ambientais no setor da cana, do açúcar e do biocombustível, estabelecendo cooperação sustentável dentro de uma economia globalizada. A organização, que atua em diversos países do mundo e tem sedes na França, Suíça e Inglaterra, defende que a boa gestão de empresas da cadeia da cana deve incluir a preocupação e soluções para os impactos sociais e ambientais, tanto internos à empresa como para a comunidade.

O Estado conta com a segunda maior população indígena do País e, conforme a representante da Funai (Fundação Nacional do Índio), Amanda Cury, a maior luta dos indígenas de Mato Grosso do Sul é pela sobrevivência.

“Trabalhei na Funai da Bahia. Lá, os indígenas têm dificuldades diferentes daqui. Por lá, a necessidade é por mais fomento, por exemplo, à produção de artesanato. Mas aqui, os problemas são muito primários. Eles, de fato, lutam para sobreviver. Têm aqueles que não têm o que comer”, revela.

O cenário, alarmante, motivou a ONG Açúcar-Ético a buscar soluções sustentáveis para a garantia do futuro das comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul.

“A ideia é que, reunindo indígenas, produtores rurais, representantes do setor sucroenergético, e órgão governamentais que trabalham as políticas públicas voltadas a essa população, além da sociedade civil organizada, consigamos elaborar um documento, com propostas práticas, que garantam a relação harmônica entre a sociedade, como um todo, e as reservas indígenas”, defendeu Vito Comar, membro da ONG, apontando o sucesso de uma ação semelhante realizada no Paraná com a aldeia Avá Guaraní, na região do lago de Itaipú, quando foram pensadas soluções para a manutenção e sustentabilidade da tribo.

Em Mato Grosso do Sul, no entanto, as demandas do índios são outras e, portanto, outras medidas precisam ser pensadas, defende o ativista. Afirmação corroborada pelo índio da etnia Guarani-kaiowá, Ládio Veron. “Hoje, o maior problema não é mais a questão das terras, mas de estrutura. Nós recebemos cursos de capacitação, que são oferecidos pelo governo, Funai, prefeitura. Mas não temos os materiais para desenvolver, na prática, o que aprendemos. Precisamos de peixes e sementes. Só para dar um exemplo, um projeto feito pela Funai foi aprovado, mas demorou tanto para ser praticado que as sementes só chegaram para a gente agora. Temos que plantar pensando na safrinha, enquanto poderíamos ter aproveitado a safra”, reclama.

O debate foi realizado por meio de proposição do deputado estadual Laerte Tetila (PT), presidente da comissão de Trabalho, Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.
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