Para Teixeira, leilão para contratar milícia é ato de desespero

Imagem: Na opinião de Zé Teixeira, leilão é decorrente do medo que os produtores rurais estão sentindo por conta das invasões.
Na opinião de Zé Teixeira, leilão é decorrente do medo que os produtores rurais estão sentindo por conta das invasões.
13/11/2013 - 13:06 Por: João Humberto    Foto: Giuliano Lopes

O vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento Agrário e Assuntos Indígenas da Assembleia Legislativa, deputado Zé Teixeira (DEM), novamente ocupou a tribuna para falar sobre a situação de caos decorrente de invasões de índios em propriedades rurais do Estado. Ele informou que participou de reunião ontem na Acrissul (Associação de Criadores de MS), que marcou para 7 de dezembro o “Leilão da Resistência”, como é denominado o certame que pretende arrecadar fundos para a criação de uma milícia para garantir segurança das propriedades.

Para Teixeira, o leilão é sinônimo de desespero por parte dos produtores rurais de MS ante a inércia das autoridades constituídas no Estado. “A classe produtora está passando por um momento difícil. O ministro da Justiça (José Eduardo Cardozo), que até esteve aqui no Estado para intermediar a situação de conflito, ainda não fez nada. Os produtores estão com medo”.

Em aparte, o deputado Professor Rinaldo, líder do PSDB, disse estar envergonhado pela falta de responsabilidade do Governo Federal em assegurar os direitos dos proprietários rurais, a ponto de eles decidirem realizar leilão para garantir sua própria segurança. “O ministro vem aqui e não resolve nada e o produtor rural é que tem que levantar dinheiro para certificar sua guarda? Vejo isso como uma apologia ao confronto”, declarou.

“Estamos no fundo do poço, isso é o fim da picada. Quando vejo esse tipo de movimento, fico triste, pois os índios, ao invadir as terras, têm o apoio da União para contrapor as autoridades. Acho que só o ‘Superior Tribunal do Céu’ é que poderá resolver esse impasse”, emendou o tucano.

Na opinião do também tucano Marcio Monteiro, a Polícia Federal, que tem a competência para tomar uma posição a respeito das invasões, nada faz. “É lamentável. Ontem em Miranda, índios tentaram invadir uma propriedade e o proprietário, com a ajuda de vizinhos, resistiu. Houve até troca de tiros e já me informei que os índios estão se organizando para novamente invadirem a área”, alertou.

Monteiro frisou que há ausência dos órgãos de segurança no País e isso configura uma situação de caos. É o mesmo que pensa o deputado Lidio Lopes (PEN), que, em aparte, afirmou haver falta de autoridade no País, o que só tende a culminar em desordem, desmando e desrespeito.

Leilão - O “Leilão da Resistência” está marcado para acontecer no dia 7 de dezembro, às 14h. Os produtores pretendem leiloar de galinha a gado de elite. A iniciativa foi decidida em comum acordo entre os produtores e representantes da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), Associação Comercial de Campo Grande, Assomasul (Associação dos Municípios de MS), entre outros.

A data do leilão coincide com o fim do prazo dado aos envolvidos no conflito para que uma solução definitiva seja dada. O estopim dos conflitos foi a morte do indígena Oziel Gabriel, durante reintegração de posse da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, no fim de maio deste ano.

Apesar de o ministro da Justiça e até mesmo representantes do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) terem vindo a Mato Grosso do Sul tentar amenizar o cenário de guerra, os produtores reclamam da falta de ações concretas para a solução dos conflitos.
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