Lideranças negras e indígenas recebem homenagens na ALMS
Homenagens foram entregues em sessão solene no plenário.
20/11/2013 - 21:51
Por: Neide Fischer
Foto: Roberto Higa
Laerte Tetila, que entregou o prêmio Marçal de Souza, lembrou que o líder indígena que deu nome à premiação da noite foi o primeiro orador indígena brasileiro a falar na tribuna da ONU (Organização das Nações Unidas) e sua morte abalou o mundo, tanto que a cidade de Dourados recebeu, na época, cartas de vários países para que o crime não ficasse impune.
Ainda durante o evento, Tetila refletiu o drama em que vivem indígenas no Brasil. “Antes estava bem encaminhada a questão das terras, inclusive o Fepati [Fundo Estadual para Aquisição de Terras Indígenas], que abriu ao Orçamento da União a compra das terras, caiu no agrado das lideranças indígenas e produtores rurais. Todavia, agora está em compasso de espera por parte do Ministério da Justiça. Este impasse traz novamente o conflito, mas creio que o Governo Federal poderá retomar o diálogo pacífico no campo”, disse.
Já Amarildo Cruz entregou o prêmio Zumbi dos Palmares e destacou que, como parlamentar, está ligado aos direitos dos negros com projetos como o que reserva cota para negros no serviço público. “É importante o combate à intolerância e discriminação racial. Não podemos ver a data somente como feriado, mas como resultado da contribuição e conquista de espaço do negro na sociedade, o que proporciona maior democracia nacional de forma inclusiva, justa e reparadora”, frisou.
O médico veterinário aposentado Cláudio Roberto Madruga, que desenvolveu durante 30 anos pesquisa na Embrapa Saúde Animal e também foi professor universitário, recebeu o prêmio Zumbi dos Palmares. Ele disse que se sente honrado com a homenagem. “Sendo a Assembleia Legislativa uma Casa que representa o povo de Mato Grosso do Sul, é de extremo significado o reconhecimento do trabalho para a promoção dos direitos dos negros”.
Gilson Rodolfo é professor de Arqueologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Ele ressaltou que ao mesmo tempo em que está emocionado com a honraria, se sente constrangido porque, segundo ele, 30 anos depois da morte de Marçal de Souza, a população deveria estar comemorando a pacificação, mas não é isso que acontece. “É necessário chamar a atenção da sociedade para o retorno ao diálogo. Este evento é importante, pois desperta tanto na população o empenho em buscar uma solução para estes conflitos”.
A filha de Marçal de Souza, Edna de Souza, presente na solenidade alusiva aos 30 anos da morte de seu pai, disse que sua luta é pela educação da comunidade indígena, porque para ela, quem tem escolarização, o conhecimento dos seus direitos é maior.
No total, 12 pessoas foram homenageadas com o prêmio Marçal de Souza e 13 receberam a honraria Zumbi dos Palmares.
Permitida a reprodução do texto, desde que contenha a assinatura Agência ALEMS.
Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.
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