"Hoje vemos crianças, mas não vemos infância", alerta educadora

Na Semana Mundial do Brincar, a presidente da Aliança pela Infância em Campo Grande, Ângela Maria Costa, usou a tribuna da sessão plenária desta quinta-feira (29/5) e chamou atenção da sociedade para o uso excessivo de tecnologia pelas crianças. Segundo ela, a nova era tem formado uma infância dominada pela individualidade e solidão, o que compromete o futuro das próximas gerações.

De acordo com a educadora, a sociedade tem se mostrado insensível à questão da criança. “Estamos entrando em um caminho sem volta, sendo coniventes com a formação de pessoas egoístas, egocêntricas, competitivas, frias e violentas que desconhecem o sabor da amizade, de nutrir sonhos”, destacou.

A forte interação das crianças com a tecnologia, na opinião de Ângela, é um dos grandes desafios da humanidade. Para ela, a nova era digital tem inserido as crianças em um isolamento social. “Perdemos o rumo da infância e sabemos que essas crianças presas a uma máquina terão dificuldades para lidar com os problemas”, acrescentou.

Segundo a presidente da Aliança, a escravidão virtual da sociedade gera risco, pois existe nela a banalização da violência, da erotização e das drogas. “Temos que nos perguntar como estruturar essas imagens e informações na primeira infância. Hoje vemos crianças, mas não vemos infância e se nossas crianças não brincam mais, que tipo de pessoas estamos formando?”, questionou.

Aos parlamentares, Ângela sugeriu a criação da Semana Estadual do Brincar para promover a reflexão sobre o tema. A importância da atividade lúdica na infância já é trazida à tona pela Semana Mundial do Brincar que acontece na última semana de maio.

Nesse período, são promovidas rodas de conversa, palestras e debates para fomentar a prática do brincar de forma coletiva e para todos. “O brincar é para a criança um dos meios principais de expressão que possibilita a investigação e a aprendizagem sobre as pessoas e as coisas do mundo”, pontuou a educadora.