Ausência da autoridade familiar expõe filhos às drogas, diz promotor

Imagem: Para Sérgio Harfouche, há pouco êxito quanto ao envolvimento da família no tratamento dos filhos dependentes.
Para Sérgio Harfouche, há pouco êxito quanto ao envolvimento da família no tratamento dos filhos dependentes.
18/06/2014 - 10:43 Por: Talitha Moya    Foto: Giuliano Lopes

"A interferência do Poder Público na educação doméstica tem fragilizado as famílias", ressaltou o promotor da Infância, Adolescência e Juventude, Sérgio Harfouche, durante a abertura oficial da 16ª Semana Antidrogas que aconteceu nesta quarta-feira (18/6), na Assembleia Legislativa.

De acordo com o promotor, há pouco êxito quanto ao envolvimento da família no tratamento dos filhos dependentes químicos. “A autoridade da família está comprometida. A Lei da Palmada foi nomeada como Lei Menino Bernardo para lembrar do caso de uma criança assassinada de forma brutal e não vejo qualquer proximidade dessa legislação com o que chamamos de disciplina”, afirmou.

A intervenção na educação doméstica, segundo Harfouche, acaba por se tornar uma porta para o envolvimento de jovens com as drogas. “Logicamente que não apoiamos métodos violentos usados contra as crianças, mas classificar pais ou responsáveis como assassinos tende a fragilizar ainda mais as famílias, faz com que os filhos desacatem seus pais achando que isso lhes é de direito e os expõem às ruas que é reduto para o envolvimento com o mundo das drogas”, explicou.

O promotor também condenou a Lei 11.343, de 2006, que passou a punir mais brandamente aqueles considerados usuários de drogas. “Desde a aprovação dessa lei passamos de uma epidemia de drogas para uma pandemia, vemos uma degradante caminhada para o uso crônico das drogas”, salientou.

Dados do Ministério da Justiça mostram que Mato Grosso do Sul é responsável por mais de 80% de todas as apreensões de drogas realizadas no País. Só no ano passado as polícias do Estado tiraram de circulação mais de 136 toneladas de drogas, que tinham como destino grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo.

Só nos primeiros seis meses deste ano foram presas no Estado mais de 1.200 pessoas envolvidas com o tráfico responsáveis pela circulação de quase 70 toneladas de drogas.
A Semana Nacional Antidrogas acontece no Estado paralela à Semana Estadual de Enfrentamento e Combate ao Crack, instituída a partir da aprovação pela Assembleia Legislativa, de uma lei de autoria do deputado Eduardo Rocha, líder do PMDB.
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