Santa Casa explica na AL sobre dificuldades da Oncologia e Psiquiatria

Imagem: Superintendente e diretor-presidente explicaram sobre a falta de cooperação em rede.
Superintendente e diretor-presidente explicaram sobre a falta de cooperação em rede.
05/11/2014 - 17:21 Por: Fernanda Kintschner    Foto: Roberto Higa

A pedido da Comissão Permanente de Saúde, representantes da Santa Casa de Campo Grande prestaram esclarecimentos sobre os setores da Oncologia e Psiquiatria, em reunião na tarde desta quarta-feira (5/11) na Assembleia Legislativa. Segundo os deputados Lauro Davi (Pros) e Mara Caseiro (PTdoB), as reclamações dos usuários sobre estes setores são recorrentes.

Sobre a Psiquiatria, a superintendente interina Claudenice Valente explicou que há três anos o hospital disponibilizava 60 leitos e atualmente apenas 15 estão abertos e adequados às novas regras. “Uma nova norma foi baixada pelo Ministério da Saúde e desde então estamos nos adequando para reabrir mais 10 leitos, além dos 15”, disse.

Pela nova concepção do Ministério da Saúde sobre o tratamento da saúde mental é necessário a cooperação em rede. “Estava previsto a construção de novos CAPs (Centros de Atendimento Psicossocial) em várias cidades, só que não houve o cumprimento e isso gerou sim um impacto social. A fragilidade não está na Santa Casa, mas sim na rede. Nossa previsão é manter 500 atendimentos por mês”, alegou Claudenice.

A superintendente ainda afirmou que por muito tempo a Santa Casa absorveu toda a demanda, inclusive do interior, porém com a mudança das regras também foi mudada a forma de regulação dos pacientes. “Antes o paciente chegava e nós atendíamos. Agora a regra é que todos sejam encaminhados por um sistema de regulação, pelo Sisreg. Assim também podemos ficar somente com a alta complexidade e o atendimento básico ser feito pelos municípios, mas que por enquanto ainda apresentam fragilidades”, ressaltou.

Para o deputado Lauro Davi, presidente da comissão, o problema não está só na rede de cooperação ainda não fortalecida, mas na falta de recursos humanos. “A psiquiatria sempre foi um problema, quanto à falta de profissionais. O interior, então, sofre muito”, afirmou.

Oncologia - O diretor-presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco, explicou que o outro setor questionado durante a reunião, a Oncologia, está em processo de desativação no hospital, pela decisão da diretoria em não renovar o contrato com empresa terceirizada que pediu três vezes mais os valores da Tabela do SUS (Sistema Único de Saúde).

“Entendemos que seria bastante dificultoso estruturar os serviços de Oncologia e Radioterapia na Santa Casa e por isso optamos pelo convênio com o Hospital do Câncer, primeiro porque não éramos os 'experts' no assunto como eles e segundo que foi mostrado que era viável a absorção dos pacientes. Desde então, pacientes já em tratamento puderam optar em continuar na Santa Casa ou migrar e pacientes novos já estão sendo encaminhados para o Hospital do Câncer”, detalhou Teslenco.

Além do alto valor para a renovação do contrato, segundo o diretor-presidente, o estopim para a mudança também se deu após a morte de três pacientes em tratamento na empresa terceirizada decorrente da manipulação de medicamentos de forma errada, em julho deste ano.

“Com a total desativação do serviço após o término dos tratamentos ainda em andamento poderemos ampliar outros setores do hospital e com isso fortalecer também o Hospital do Câncer, que já está em expansão para atender novos pacientes”, concluiu.

De acordo com a deputada e vice-presidente da Comissão, Mara Caseiro, com estes depoimentos os membros poderão chamar mais gestores públicos para depor. “Queremos ajudar no trabalho de mudar a visão do gestor municipal, para que ele entenda a importância de investir na rede de atendimentos, pois não se pode trabalhar isoladamente ou transferir tudo para Campo Grande e Dourados. Vamos cobrar também mais investimentos na Saúde pelo poder estadual, ainda mais com a nova gestão a nossa esperança é que seja a prioridade número um a Saúde e também vamos lutar por mais investimentos da União”, definiu a parlamentar.
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