Tratamento do câncer e importância da prevenção são debatidos na AL

Foi realizada durante a tarde desta terça-feira (5/5), na Assembleia Legislativa, a audiência pública “Tratamento Avançado do Câncer e a Regulação do Acesso à Assistência à Saúde no Sus em MS”, para o debate sobre a doença que a cada dia aflige mais a população mundial.

“O câncer é a doença do século e essa audiência pública foi realizada para as pessoas se informarem, para ajudarmos os deputados a colherem informações para novas propostas, enfim, precisamos debater essa doença. Eu tive caso de câncer na família e precisamos ajudar na conscientização das pessoas para a prevenção”, resumiu o deputado João Grandão (PT), proponente da audiência.

O evento contou com palestras de médicos oncologistas e depoimentos de pessoas que venceram a doença. A deputada Mara Caseiro (PTdoB), que já enfrentou um câncer de mama em 2006, reiterou sobre a importância da prevenção. “Quando resolvi ir ao médico já fazia oito meses que estava com um nódulo me incomodando. Se eu tivesse ido antes não precisaria enfrentar o pesado tratamento de quimioterapia e radioterapia. Uma simples cirurgia poderia ter retirado meu nódulo, por isso esse alerta de que podemos evitar o câncer”, enfatizou.

Também foi debatido o restrito acesso ao tratamento privado e a dificuldade quanto ao tratamento público. “Foi constatado que 75% das pessoas não possuem plano de saúde. O tratamento de câncer de mama avançado precisa muito da tecnologia disponível na rede privada e apenas 25% das pessoas têm acesso a isso. Precisamos que políticas públicas incluam todos no melhor tratamento”, ressaltou o médico oncologista Aroldo Henrique Boigues.

As palestras também apontaram outros gargalos do Sistema Único de Saúde, como a falta de acesso aos medicamentos de alto custo para o tratamento e a centralização do atendimento. “Quando os pacientes recorrem para a Justiça já estão lá como última esperança. Quando recebem os medicamentos é uma maravilha, mas o Poder Público, municipal, estadual ou até federal, por vezes descumpre liminares, por inúmeros motivos. Isso precisa mudar”, destacou o defensor público da União Gerson Paquer.

O presidente da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), Ricardo Ayache, afirmou que é necessário descentralizar o atendimento ao câncer, que hoje só existe em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. “Além disso a importância da prevenção reflete nos custos. Quando se tem um diagnóstico precoce você tem 90% de chances de cura e um custo de R$ 5 mil a R$ 10 mil por paciente. No estágio avançado, as chances são de 20% e um custo de R$ 100 mil de pessoa”, comparou.

Saiba mais - Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores malignos.

As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando inter-relacionadas. As externas referem-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de uma sociedade.

Segundo o Inca, cerca de 80% dos casos de câncer estão ligados aos fatores externos. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender.

Os tratamentos são por radioterapia, quimioterapia e transplantes de medula óssea. A prevenção deve ser feita com boa alimentação, prática de esportes e exames preventivos. Uma pesquisa divulgada pelo Inca em 2014 mostra que os casos de maior incidência em Mato Grosso do Sul são os cânceres de mama feminina, o de próstata, seguidos pelo de colo de útero, reto (em homens e em mulheres) e pulmão.