Após 127 anos da Lei Áurea, negros ainda não têm oportunidades iguais

Imagem: Deputados João Grandão, Pedro Kemp e Amarildo Cruz falaram sobre o assunto na sessão desta quarta-feira
Deputados João Grandão, Pedro Kemp e Amarildo Cruz falaram sobre o assunto na sessão desta quarta-feira
13/05/2015 - 11:57 Por: Talitha Moya    Foto: Roberto Higa

O dia 13 de maio, data em que foi assinada a Lei Áurea, não representou, segundo alguns deputados estaduais, o fim da abolição da escravatura. Na sessão plenária desta quarta-feira (13/5), os parlamentares ressaltaram que, mesmo 127 anos após a assinatura, os negros brasileiros continuam sem ter seus direitos assegurados.

Para o deputado João Grandão (PT), a Lei Áurea ocorreu muito mais por uma demanda econômica do que social e não promoveu a liberdade definitiva dos negros. “No movimento negro, essa data precisa ser reelaborada, afinal, é só vermos a situação dos negros no País, do negro no mercado de trabalho. Se ser mulher no Brasil é difícil, ser mulher negra é muito mais difícil”, enfatizou o parlamentar que trouxe à tona fatos recentes de racismo ocorridos no Brasil. “Até hoje presenciamos cenas chocantes de discriminação como torcidas jogando bananas aos jogadores negros”, citou. “Não devemos comemorar absolutamente nada nesta data, a não ser refletir”, continuou.

Na opinião do deputado Pedro Kemp, líder do PT, a data serve mais para reflexão do que comemoração. “É um momento de repensarmos com mais profundidade a situação dos negros. Aprendemos na escola a ligar a data à libertação, mas mesmo após tanto tempo, os negros continuam na luta pela igualdade. Na prática, a discriminação existe e os negros não têm as mesmas oportunidades”, acrescentou o parlamentar ao debate.

Apesar das dificuldades, o deputado Amarildo Cruz (PT) declarou que muitos avanços aconteceram ao longo dos anos. Ele destacou o sistema de cotas como um passo para a inserção dos negros na sociedade. “Estamos mais conscientes sobre o verdadeiro papel dos negros e dos nossos direitos na sociedade”, disse o parlamentar que é negro.

“Quer saber o que é racismo? Esteja na pele do negro. Às vezes, a discriminação vem de forma velada. Eu sou negro e tenho orgulho da minha raça. Com essa consciência pretendo discutir a participação da população negra na sociedade”, reforçou.
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