Greve dos médicos da Capital recebe apoio de Federação Nacional

Imagem: Representantes da Federação Nacional e do Sindicato dos Médicos de MS ocuparam tribuna para pedir valorização da categoria
Representantes da Federação Nacional e do Sindicato dos Médicos de MS ocuparam tribuna para pedir valorização da categoria
26/05/2015 - 13:32 Por: Talitha Moya    Foto: Roberto Higa

“Médico não é bandido”, disse Eglif Negreiros, da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), sobre a ameaça do prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte, de pedir a prisão do presidente do SindMed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Valdir Siroma, caso a greve da categoria médica persista. O representante nacional usou a tribuna da sessão plenária desta terça-feira (26/5) para manifestar apoio aos médicos da rede de saúde pública da Capital.

“Não aceitamos a maneira com que a prefeitura vem tratando os médicos do município, o desrespeito a uma categoria voltada ao maior bem do ser humano que é a vida”, arrematou Eglif. Campo Grande tem um quadro médico de altíssima qualidade reconhecido em todo o Brasil, mas é aqui que ele deve ser respeitado e valorizado”, continuou.

O médico repudiou a atitude de Olarte, que ameaçou pedir a prisão do presidente do sindicato no Estado, Valdir Siroma. Pelo menos 40 sindicatos de todo o Brasil manifestaram apoio à categoria. “É uma luta de todos nós, não vamos aceitar ameaças. Médico não é bandido. Ele recebe pouco, não tem tempo para a família, para o lazer e se depara com a frieza dos governantes”, ressaltou.

Outros representantes da categoria médica do município de Campo Grande se manifestaram na tribuna e pediram a sensibilização da administração pública para avançar nas negociações pela melhoria dos salários e estrutura da saúde.

Quase 100% dos profissionais da área médica da Capital aderiram à paralisação no setor da saúde que já perdura por 20 dias. De acordo com Siroma, de janeiro a abril não houve qualquer contraproposta por parte da prefeitura para a categoria.

Remuneração reduzida - Alegando contenção de despesas, a prefeitura de Campo Grande já cortou pelo menos três gratificações pagas aos médicos da Rede Municipal de Saúde Pública. A suspensão dos benefícios, segundo Siroma, reduziu a remuneração dos profissionais em mais de 50%. “Com os descontos dos impostos, o salário está em torno de R$ 2 mil”, citou.

O presidente do SinMed/MS criticou o descaso da autoridade com a categoria. “A contraproposta é sempre a mesma, nos pedem paciência, mas nada acontece”, afirmou. Ele ainda ressaltou o cenário da saúde pública da Capital que sofre com a falta de profissionais e estrutura. “Nas unidades de Pronto Atendimento, os pacientes entubados estão sob ventilação mecânica e há dezenas de pacientes com necessidade de internação hospitalar”, relatou.

Apesar da paralisação, Siroma salientou que a categoria tem se esforçado ao máximo para atender os pacientes. “É uma greve consciente e com responsabilidade e se acontecer algum problema, não será culpa dos médicos, mas do gestor público que não toma qualquer providência e permanece na proposta zero”, disse. Conforme o Conselho, 30% do efetivo estão trabalhando e se revezam dentro das unidades médicas para atender casos de urgência e emergência, estando suspensas as consultas ambulatoriais.

Renato Figueiredo, diretor do Sindicato dos Médicos, relatou as dificuldades da categoria que precisa lidar diariamente com a falta de remédios e aparelhos. “São os médicos que tomam decisões e salvam vidas. Hoje não estamos aqui lutando para ganhar um milhão, mas sim para ganhar o que perdemos, para recolocar os profissionais que foram tirados, porque somos nós que temos que encarar todos os dias a dor de perder um paciente, não é o prefeito que lida com isso”, frisou ele, pedindo respeito e valorização dos servidores da saúde. “Precisamos de estrutura para atender com dignidade e isso inclui reconhecimento e remuneração”, completou.
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